Mesmo com fiscalização da prefeitura, ambulantes seguem nas ruas do Centro de Petrolina (PE)

Franciso de Assis vende seus produtos na Rua Dom Vital (Foto: Emerson Rocha)


De segunda a sexta-feira, Francisco de Assis, 56 anos, sai de casa, no bairro Colina do Rio, na Zona Oeste de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, em direção ao centro da cidade. O destino é a rua Dom Vital. É lá que o ambulante monta uma pequena barraca na calçada e comercializa brinquedos para crianças.

Por diferentes motivos, vários homens e mulheres encontraram nas ruas de Petrolina o local para trabalhar. Nos tabuleiros espalhados pelo centro, tem de quase tudo. Em alguns pontos, a concentração de ambulantes acaba gerando um problema para os pedestres, que ficam sem espaço para transitar nas calçadas.

No início do mês, a prefeitura começou um processo de reordenamento das ruas do centro da cidade. Ambulantes que trabalham em locais que comprometem a mobilidade urbana estão sendo relocados. “Desde o outro prefeito que tinha esse negócio de não querer a gente aqui e botar para outro lugar. Aí, a gente está esperando para onde ele vai botar, né? Pra onde ele botar, a gente vai”, garante Francisco que, além do trabalho como ambulante, atua como feirante nos finais de semana.

Segundo a prefeitura de Petrolina, “dentro da proposta de reordenar a atividade dos ambulantes no centro comercial da cidade, a Diretoria de Disciplinamento Urbano e Atividades Licenciadas da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade está recadastrando os ambulantes e orientando aqueles que não possuem autorização a não permanecerem nos locais irregulares e exercendo a atividade ilegalmente”.

Dona Maria Apolônia de Jesus Sá, 61 anos, entrou no comércio informal em 2009, após perder o emprego. Durante três anos, a piauense, que chegou em Petrolina em 1971, trabalhou no meio da rua. Em 2012, quando também aconteceu uma ação de remanejamento de ambulantes, foi mandada para uma área reservada para este tipo de atividade. Ela está entre os cerca de 30 ambulantes cadastrados que atuam nas travessas Padre Fraga e Abílio Dias.

Na época, dona Maria tinha a esperança de ser contemplada com um box no Mercado do Turista, uma espécie de camelódromo, inaugurado em 2012. O espaço, que fica na Rua Dom Vital, funciona como um shopping popular. De acordo com a prefeitura, o local abriga 197 profissionais, todos cadastrados e com autorização do município. “Quando fizeram o Mercado do Turista, era para a gente ficar lá dentro, mas não deu, não coube todo mundo e eles botaram a gente aqui”, lembra a comerciante.


Inaugurado em 2012, o Mercado do Turista abriga ex-ambulantes de Petrolina (Foto: Emerson Rocha)


Mesmo atuando em um local reconhecido pela prefeitura, dona Maria diz que o trabalho era mais lucrativo na época em que podia ficar nas calçadas. Ela reclama da concorrência dos colegas que trabalham de forma irregular. “No meio da rua pra vender é melhor, só que eles [prefeitura] não deixam. Hoje em dia a rua está lotada de gente e eu não sei por quê. A conversa deles é que vão tirar, mas o povo está sempre no meio da rua. Pode olhar que a calçada está cheia de uma ponta a outra”, contesta.

A prefeitura informou que realiza estudos para avaliar a viabilidade de ampliação da oferta de vagas para ambulantes devidamente cadastrados.

Morador da cidade vizinha de Juazeiro, na Bahia, Fábio da Conceição Silva trabalha há seis anos vendendo feijão. Ele compra a mercadoria no Mercado do Produtor de Juazeiro e comercializa em frente a antiga estação de trem, na Avenida das Nações, em Petrolina.

Atuando de forma irregular, Fábio, que é pai de dois filhos, fica atendo ao trabalho dos fiscais da prefeitura. “Quando a gente vê a fiscalização, tem que levar o produto para casa. A gente caça um meio de trabalhar e não pode. A vida é sofrida”, afirma o ambulante. As informações são de Emerson Rocha / G1 Petrolina.

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