No Recife, Os Dez Mandamentos estreia com falhas, ingressos esgotados e lugares vazios

Adaptação de novela da Rede Record vendeu três milhões de ingressos antecipados


Divulgação


Quando as redes de cinema brasileiras começaram a divulgar a quantidade de ingressos vendidas antes mesmo da estreia de Os Dez Mandamentos, os números eram surpreendentes. Embora a produção da Record tenha sido um fenômeno televisivo, 3 milhões de ingressos antecipados é uma bilheteria bastante expressiva. Na primeira sessão do Shopping Tacaruna, no entanto, o cenário era no mínimo contraditório: uma funcionária do cinema garantiu logo na entrada que os ingressos para o dia inteiro estavam esgotados e que a procura era grande; dentro das salas, porém, as cadeiras vazias denunciavam outra realidade. 
A estreia da saga Crepúsculo - frequentemente usada como termômetro para medir as vendas dos sucessos de bilheteria – provocou um tumulto muito maior no hall do Tacaruna em 2008. Ontem, nada de filas extensas com pessoas ansiosas; apenas um volume normal de pessoas, que só se diferenciavam do público de outras estreias pelas camisas unificadas, estampando o logo do filme e da emissora do bispo Edir Macedo.
Em mais um anticlímax perante as expectativas que cercavam o lançamento, uma falha na reprodução do longa, aos 20 minutos, interrompeu a exibição. O filme retornou quatro minutos depois, ao som de vaias tímidas. Como se não fosse o bastante, o público foi obrigado a assistir tudo novamente, inclusive os trailers.
Desde 2008, quando a emissora exibiu seu primeiro folhetim de sucesso, Os Mutantes: Caminhos do Coração, é possível ver em Os Dez Mandamentos um grande avanço nas produções da Record. São notórios o pesado investimento e o grau de esforço aplicado. No entanto, nos telões, o filme bíblico é plástico e pouco envolvente. Compilação dos 176 capítulos da novela, a película deixa exposta a fragilidade dos diálogos, as atuações vergonhosas e os cortes bruscos. A voz de Deus, que em off permeia o enredo, é desnecessária e imprime na trama um ar de teatro de colegial. Enquanto Sérgio Marone, que dá vida a Ramsés, faraó do Egito, simula uma ira quimérica, o timbre da sua voz não traduz qualquer emoção. 
Por fim, mesmo com todo o esmero empregado, a tão comentada cena da abertura do Mar Vermelho por Moisés deixou a desejar: são tantos fenômenos naturais na tela, competindo simultaneamente pela atenção do espectador, que acabam por deixá-lo confuso. (JC)

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