(Folhape)
O ano começou com aumento da inadimplência em todas as regiões do País. São 15 milhões de endividados somente no Nordeste, de acordo com o SPC Brasil. Esse número não é uma surpresa tão grande. Afinal, as demissões atingiram índices alarmantes em 2015, e muitos dos demitidos ainda não conseguiram voltar ao mercado de trabalho. Sem fonte de renda, já que o seguro-desemprego dura pouco, ficam sem ter como pagar as contas. É possível, entretanto, driblar a situação, dizem especialistas. O segredo é não se desesperar, cortar gastos e renegociar dívidas.
“Não é um caminho fácil, mas necessário”, alertou o professor de economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) André Magalhães. Ele reconheceu que não é agradável enfrentar o problema, mas disse que é preciso fazer sacrifícios e cortar gastos para conseguir pagar as contas e evitar novas dívidas. “Com a queda da renda, é preciso adotar um novo estilo de vida. É possível cortar a tv a cabo e trocar a academia por uma corrida de rua, por exemplo. Em casos extremos, pode-se até vender o carro. Mas, para isso, é preciso haver consenso. Então, é preciso que toda a família se reúna”, aconselhou.
Para fazer as decisões certas, porém, é preciso saber para onde seu dinheiro está indo, o que nem sempre acontece. “O primeiro passo é manter o controle dos gatos. Uma forma prática é passar um ‘raio x’ na vida financeira. Basta anotar absolutamente tudo o que se gasta, inclusive os pequenos, como o pão e o café”, recomendou o especialista em finanças Rafael Seabra.
Feito isso, é hora de separar os gastos essenciais dos supérfluos. “Podemos dividir as despesas em obrigatórias e não obrigatórias, que podem ser logo cortadas. Depois, ainda podemos separar as obrigatórias fixas das variáveis. O aluguel e a mensalidade da escola do filho, por exemplo, não mudam. Mas as contas de luz e água podem diminuir se eu economizar. A feira também, desde que eu compre produtos mais baratos”, orientou o professor da UFPE.
Outra dica: esquecer o cartão de crédito e o cheque-especial, que podem parecer uma saída, mas cobram juros exorbitantes e só aumentam os débitos. “O melhor é comprar tudo à vista”, sentenciou Magalhães, explicando que, com um bom planejamento, é possível saber o orçamento disponível para cada mês ou semana e usar apenas esse valor. “Você pode, por exemplo, se limitar a gastar R$ 100 por semana, mas só tirar R$ 50 do banco. Quando acabar esses R$ 50 e você tiver que ir ao banco novamente, vai perceber que o dinheiro está perto do fim e ficar atento para gastos desnecessários”, disse.
Renegociar débitos é uma boa opção
Se nem todas essas dicas forem suficientes para evitar o endividamento, o ideal é renegociar débitos. Segundo especialistas, quando há pouco dinheiro disponível, não se deve priorizar o pagamento de uma conta ou outra em detrimento do pagamento mínimo dos cartões. Afinal, esta conta só se multiplica quando não é paga por inteiro, devido à aplicação dos juros. “As dívidas mais caras não são aquelas que têm o maior saldo devedor, mas as que têm a maior taxa de juros, como o cartão de crédito e o cheque especial”, explicou Rafael Seabra. Por isso, “o ideal é procurar congelar a dívida e substituí-la por uma mais barata, através da negociação”, afirma André Magalhães.
O professor de economia da UFPE lembra que também não é interessante para as empresas o não pagamento dessas dívidas, já que elas deixam de ganhar dinheiro rápido. Então, sempre haverá a chance de uma negociação. “Se você demonstrar interesse em pagar, mas tem uma dificuldade financeira, eles vão oferecer algum suporte. A negociação é importante para melhorar as condições de pagamento”, concorda Seabra.
Financiamento
Ainda na tentativa de “trocar a dívida por uma mais barata”, uma alternativa é a realização de um empréstimo bancário, que tenha juros mais baratos e permita o pagamento de todas as outras contas em aberto. “É a chamada consolidação de dívidas. Nada mais é do que juntar todas elas e pagar de uma única vez, em um empréstimo com taxa de juros menor”, explica Seabra, lembrando que, para reduzir o saldo devedor, também é importante passar pela negociação. (Folhape)
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