Até o céu chorou: chuva marca adeus de Chapecó aos seus anjos heróis

Membros das Forças Armadas carregam os caixões das vítimas do acidente (Reprodução / Foto: AFP)


Quando o primeiro caminhão passou pelo apertado portão da Arena Condá, por volta de 12h28, o choro se refez em um grito. Lá dentro, apesar da forte chuva que castigava Chapecó desde cedo, os torcedores, firmes, buscaram forças: "O campeão voltou". 

Os heróis voltaram. Em clima de comoção, familiares, amigos e toda uma cidade começaram a se despedir de jogadores da Chapecoense, membros da comissão técnica, dirigentes e jornalistas, vítimas do acidente que deixou 71 mortos na madrugada da última terça-feira.

A primeira aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) que transportava os corpos das vítimas do acidente aéreo envolvendo a delegação da Chapecoense chegou a Chapecó na manhã deste sábado, por volta das 09h28. A segunda aterrissou às 09h44m. Depois de uma cerimônia protocolar com membros das Forças Armadas e com o presidente Michel Temer, os 50 caixões seguiram para a Arena Condá em caminhões com as laterais abertas, para que o público pudesse se despedir.


Parentes dão adeus às vítimas durante velório na Arena Condá (Reprodução / Foto: Agência Estado)


Durante todo o cortejo, mesmo sob chuva, torcedores ocuparam as ruas de Chapecó à espera da passagem dos caminhões. Na chegada à Arena Condá, comoção. Muitos torcedores choravam quando os caixões entraram pelos portões do estádio. Os campeões haviam voltado. Um a um, levados por membros das Forças Armadas, os caixões seguiram para debaixo das tendas montadas no gramado.


O prefeito de Chapecó Luciano Buligon vestiu a camisa do Atlético Nacional na hora de falar. Ao microfone, agradeceu de forma emocionada a todo o apoio recebido pelo povo colombiano após o acidente.
- Deus também tem o direito de chorar. Por isso chove tanto na terra de Condá. Preciso reconhecer, antes de nada, que a Colômbia fez com que nos aproximássemos de forma a não mais se esquecer. Só por competência de todos eles, colombianos, que temos seis sobreviventes desse trágico acidente. muito obrigado, povo da Colômbia. Vocês sempre estarão nos nossos corações. Essa equipe não é mais de Chapecó. É do mundo - disse o prefeito.
A chuva não dava tréguas. Nas arquibancadas, torcedores choravam. Ao lado dos caixões, familiares se abraçavam e tentavam se manter firmes para a despedida daqueles que se foram cedo demais. Sob as tendas, cerca de duas mil pessoas se uniam para darem adeus. O zagueiro Rafael Lima, que não viajou por estar machucado, desabou 
"Nas alegrias e nas horas mais difíceis, meu furacão tu és sempre um vencedor!", dizia uma faixa pendurada nas tendas. Quando familiares do atacante Thiaguinho foram ao gramado, torcedores aplaudiram e gritaram o nome de um de seus heróis. O mesmo se repetia com outros parentes de vítimas. Após o último caixão, na retirada dos militares que faziam o corredor para a passagem dos militares, a torcida explodiu mais uma vez, em aplausos de agradecimento.
Os pais do goleiro Danilo com a imagem do filho na Arena Condá (Reprodução / Foto: David Abramvezt)

Mário Motta, da RBS, e Vanessa Hubner, diretora de comunicação da Prefeitura de Chapecó, apresentaram a cerimônia. A banda da Polícia Militar da cidade, então, executou o Hino da Chapecoense em sequência. Ivan Tozzo, presidente em exercício do clube, foi o primeiro falar. Agradeceu à torcida, ao povo colombiano e pediu para que o torcedor da Chape não desistisse. informações do Chapecó, SC.




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