Moradores de Rajada enfrentam dificuldades com a seca no Sertão

Além da estiagem, o abastecimento de água não é feito de forma regular.
Na região, carros-pipa são vendidos por R$ 200.




imagem da internet

Os moradores de Rajada, distrito de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, estão passando por dificuldade com a falta de chuva e com problemas no abastecimento de água feito pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).
Na casa do agricultor, Ataíde de Assis Silva, o reboco na parede mostra onde antes estava a caixa d'água que foi retirada do local, porque o agricultor acreditava que a gravidade ajudaria a encher a caixa já que a água chegava sem força. Mas, desde que a mudança foi feita, nada foi diferente. “A caixa ficava ali em cima. Ficou um mês sem água. Ai eu desci para cá, achando que ia melhorar, mas ficou na mesma. Está aqui, seca, criando poeira já. Não tem melhora nenhuma”, disse.
E para realizar as atividades domésticas, Ataíde de Assis precisa contar com a sorte. “Aqui quando eu sei que está saindo água em uma ponta de rua por ai, eu pego um balde ou dois e vou lá para arranjar água para beber, cozinhar. Só para o essencial”, relata.
Devido à falta de água, muitos serviços de casa não podem ser realizados. O agricultor mostra a pia repleta de pratos que, por falta de água, não são lavados há dias. “Aqui está só a metade. Aqui desde domingo passado que é desse jeito aqui. Cheia direto. Quando você lava um copinho, alguma coisa para tomar um café, os outros já ficam desse jeito”, descreve.
Em busca de água, o agricultor sai de casa com cinco galões para encher. Com a quantidade que tinha, só foi possível encher três vasilhames. “Isso aqui da para lavar uma louça, cozinhar e tomar um banho à noite”, explica.
Cenas assim estão se tornando comum em Rajada. O distrito de Petrolina tem cerca de seis mil habitantes e há mais ou menos um mês começou a ter irregularidades no abastecimento. Há oito dias a água parou de chegar. Na casa da agricultora, Elisângela Silva Souza, na torneira não sai mais nada. Os pratos sujos já ficam acumulados.
“A situação aqui está difícil. Eu não aguento mais ficar só pegando baldinho de água na casa dos outros para lavar, cozinhar. Esta há muitos dias que não sai água aqui”, relata. Segundo a agricultora, apesar de não ter água nas torneiras, as contas não param de chegar.
Se na sede do distrito, onde existe um sistema de abastecimento, a situação está  complicada, imagine nos povoados da Zona Rural, onde os moradores dependem totalmente da água dos reservatórios. Um dos mais importantes açudes de Rajada e região, uma mancha verde foi o que sobrou da época em que ele estava cheio. Agora, a água está tão suja, que não pode ser utilizada.
“Eu tenho 70 anos de idade. Nasci e me criei aqui. Só na seca grande que teve aqui, em 1953 que eu vi essa situação. Só que, naquela época, a população era pouca, os animais eram poucos e hoje, a situação está difícil”, lembra o agricultor e criador de animais Joaquim Bento de Amorim.
No sítio do criador de animais, José Leandro de Lima, existem uns 50 animais entre cabras, bodes, vacas e galinhas. Antes, a produção era maior. Mas, se hoje não tem água para o consumo da família na cisterna, nem tem como deixar para os animais. “Tem um açude ali que tem um restinho de água para os bichos e a gente ainda está dando água de lá. E aqui, na caixa, essa semana eu comprei um pipa de água a R$ 200”, disse. Segundo o criador de animais, antes os carros-pipa passavam no local. Mas como parte foram retirados, ele disse que não pode esperar.
Em nota, a Codecip, que é responsável pela distribuição de água dos carros-pipa na Zona Rural, informou que 330 cisternas começaram a ser abastecidas desta segunda-feira (16) em Rajada.
Quanto à falta de água na sede do distrito, a Compesa informou que alguns problemas, como falhas no motor da bomba, por exemplo, vêm afetando a distribuição de água, além do consumo que também aumentou nessa época do ano. A Companhia explicou que está fazendo os ajustes no sistema para garantir o abastecimento regular em toda a comunidade. Mas nenhum prazo foi dado.
(Do G1 Petrolina)

Postar um comentário

0 Comentários