Pais podem responder cível ou criminalmente pelos atos dos filhos.
Quarta-feira (9) será realizada outra audiência com 500 adolescentes.
Adolescentes foram chamados para audiência com a Vara da Infância e Juventude de Petrolina (Foto: Amanda Franco/G1)
Cerca de 100 adolescentes compareceram na manhã desta segunda-feira (7) acompanhados de seus pais ou responsáveis para uma conversa com o juiz da Vara da Infância e Juventude. A audiência coletiva aconteceu no Fórum Dr. Manoel Francisco Souza Filho em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, e reuniu jovens que possuíam reincidência em algum ato de indisciplina na escola que estuda.
Esta não é a primeira audiência realizada com os adolescentes. Em 2014 foi registrada uma redução de 23% nos índices de atos cometidos por adolescente, em relação ao ano anterior. Segundo o juiz da Vara da Infância e Juventude, Marco Bacelar, o objetivo é realizar advertência prévia aos adolescentes, assim como informar a responsabilidade aos pais.
“Além da advertência também é possível haver uma representação contra os pais por conta das atitudes dos filhos na unidade escolar. Caso ocorra uma reincidência, os pais poderão sofrer penalidade, seja na área cível que é previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que é multa pecuniária que vai de três a 20 salários mínimos, seja ainda a questão da responsabilidade criminal de abandono do seu filho dentro da unidade escolar”, disse o juiz.
Estavam presentes, jovens a partir dos 12 anos que apresentaram recorrência em casos de violência em algum grau dentro da escola e de evasão escolar, como os filhos de Eva Conceição Santos. Ela estava com dois adolescentes de 14 e 15 anos. Segundo a mãe, o motivo de ser convocada para a audiência era porque os filhos recusavam-se a frequentar as aulas. Eva reconheceu que as palavras da equipe da Vara da Infância e Juventude eram de extrema necessidade para a educação de suas crianças.
“O problema deles é que eles não querem ir para o colégio. O que é dito aqui é muito importante, porque a gente dá conselho aos filhos em casa e eles acham que a gente está mentindo. Com esta palestra, eles vão ver que a gente está falando para o bem deles”, disse a mãe dos meninos.
Silvana Trindade de Santana também estava com dois filhos na audiência, de 13 e 14 anos. A todo instante ela chamava a atenção deles para o que era colocado como obrigação dos filhos dentro de casa. “Crio três filhos sozinha. A gente quer o melhor para o filho, mas eles não entendem. Peço para me ajudarem em casa e eles dizem que são homens. Tem hora que tem que dar um limite”, disse a mãe.
De acordo com a psicóloga da Vara da Infância, Andréa Góes Alcântara, é comum que adolescentes reajam quando chamados a atenção, mas é preciso saber identificar os limites. “Até um certo ponto, reagir diante de alguma ordem é normal, mas a questão é a gravidade, como ultrapassar os limites de agredir o outro e ser desrespeitoso com frequência. A gente sabe que os adolescentes falam mais alto em alguns casos, mas a questão é a frequência e a gravidade”, destacou a psicóloga.
Na quarta-feira (9) uma nova reunião será realizada, desta vez 500 adolescentes foram convocados. “O diferencial de hoje para quarta é de que na quarta os menores são chamados pela primeira vez para o contato conosco. Os de hoje já tiveram um momento prévio”, disse o juiz Marco Bacelar. A reunião do dia 9 será no auditório da Universidade de Pernambuco (UPE).
(Amanda Franco Do G1 Petrolina)
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