Debate aconteceu na noite desta quarta-feira (2) no Campus Petrolina.
Professor da Univasf sofreu agressão no sábado (28) em Juazeiro - BA
Professor Nilton Almeida relata agressão sofrida em Juazeiro, BA (Foto: Juliane Peixinho / G1)
Aconteceu na noite desta quarta-feira (2) um debate sobre racismo na Universidade do Estado de Pernambuco (UPE), Campus Petrolina, no Sertão de Pernambuco. No mês da consciência negra, o evento discute a temática e também traz o depoimento do professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Nilton Almeida, que denunciou um episódio racista que vivenciou no último sábado (28) no bairro Alto do Cruzeiro em Juazeiro, na Bahia e que tem tido repercussão nas redes sociais e instituições de ensino superior do Vale do São Francisco.
De acordo com o diretor do campus Petrolina da Universidade do Estado de Pernambuco (UPE), Moisés Almeida, a mobilização é para alertar a comunidade que as práticas racistas não devem acontecer. “Estamos realizando o ato em função de uma situação particular de um colega e colaborador da universidade. Estamos indignados com a forma de abordagem da polícia. Nós enquanto instituição temos essa capacidade de mobilização, nós não poderíamos ficar calados diante de praticas de racismo”, relata.
No debate, o professor da Univasf, Nilton Almeida contou como foi a agressão que sofreu da Polícia Militar. “Foi tudo rápido. Eu sai às 10h da minha casa para o dentista e a minha esposa iria em seguida. Me deram um sinal e ouvi a ordem de 'mão na cabeça' e eu pus na cabeça e houve uma revista. O chefe do grupo parecia hostil em relação a minha pessoa e quando entreguei o documento da moto, eles viram que estava vencido e ordenou que a minha moto fosse apreendida. Eu expliquei que o comprovante de pagamento estava lá e perguntei se podia ir em casa procurar, quando ele alegou que eu o estava desacatando. Depois eu tomei um tapa no lado esquerdo do rosto e eu fiquei surpreso e eu fiquei sem acreditar. Tinha muitas crianças na esquina e que me conhecem. Eu gritei para chamar minha esposa e a meninada correu e chamou minha esposa e ela chegou e perguntou o motivo do absurdo. Fui algemado e posto no camburão”.
O professor que é negro disse que foi até a corregedoria da Polícia Militar em Juazeiro, na Bahia. “Eu falei com o tenente-coronel Neves. No mesmo dia que aconteceu o episódio, eu recebi uma mensagem do Neves na segunda, para que eu pudesse ir conversar. E acabamos na terça-feira à tarde, eu, o reitor da Univasf, Julianelli Tolentino, o advogado da Univasf e outras pessoas tivemos uma reunião. Eu pude falar tudo e agora eu espero que a gente possa quantificar as agressões. O que aconteceu comigo é exceção ou regra? Precisamos de dados”.
Nilton relata que a agressão serviu para estimular a discussão do racismo na região. “A única coisa positiva desse episódio é de saber que tem uma cultura que dá suporte a isso. Eu não fui o primeiro e não vou ser o último. A questão principal desse movimento que está acontecendo hoje é que tem várias vozes e que estão falando que é a gota d'água”.
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