Grupo percorreu blocos de salas de aula (Foto: Amanda Franco/G1)
Um ano após a repercussão do hino do time Atlética Carranca, cantado durante os jogos universitários pela torcida organizada, estudantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e de outras instituições reuniram-se em frente a biblioteca nesta quinta-feira (19) em um protesto que percorreu o Campus Petrolina. De acordo com os participantes, o intuito era cobrar um posicionamento da universidade em relação aos autores.
O hino continha expressões sexuais pejorativas que, segundo os estudantes, soavam como ofensas às mulheres. Na época, a assessoria de comunicação da Univasf enviou uma nota informando que seria aberta imediatamente a apuração de autoria do ato. A instituição tinha reforçado ainda que seriam tomadas providências para aplicação das sanções cabíveis como advertência, suspensão das atividades por tempo determinado e até desligamento de vínculo dos envolvidos.
Segundo a estudante do curso de Psicologia da Univasf e membro da Marcha das Mulheres núcleo Sertão, Tainá Menezes, o não solucionamento deste hino não pode ser esquecido. “Passou-se um ano e nós não temos nenhuma notificação deste caso. Então trouxemos isso à tona não só para lembrar à comunidade acadêmica sobre o que aconteceu, mas também para pedir um posicionamento da Univasf, porque a mesma se propôs a ser plural a democrática e, se assim se propôs, não permitiremos que atitudes machistas como esta se permeie no nosso espaço”, disse Tainá.
Estudantes da Univasf percorreram o Campus Petrolina (Foto: Amanda Franco/G1)
A estudante de psicologia da Universidade de Pernambuco (UPE), Stefânia Gonçalves, destaca que o hino não está direcionado apenas às mulheres da Univasf. “Isso não deve acontecer em nenhum lugar que a mulher ocupa. A gente é vítima em qualquer situação, dentro e fora de casa, da universidade”, ressaltou.
O ato não era composto apenas por mulheres. O estudante de Psicologia da Univasf, Daniel Pacheco participou da manifestação contra o machismo e levou cartazes que reforçavam o pedido. “O hino é, de uma certa forma, contra as mulheres. Embora eu seja homem, sei o quanto elas sofrem por este lado da opressão masculina. Por os homens tentarem sempre se sobrepor contra as mulheres. Por isso, precisamos manter a equidade”, reforçou o estudante de Psicologia.
Fernanda Araújo Oliveira cursa medicina na Univasf e diz que na época acompanhou a repercussão de longe, pois participava de um intercâmbio. Mas ela fez questão de acompanhar o grupo e disse que este hino não representa o seu curso. “Este hino não representa inclusive os homens do curso. Não reconhecemos este hino como hino da Medicina. Nós reconhecemos como hino da Carranca e das pessoas da Carranca”, disse Fernanda.
Emanuel Pereira Torres também estuda Medicina e ressaltou que os estudantes do curso ficaram surpresos quando ouviram os colegas cantando o hino e cobra um posicionamento da universidade. “Este hino não nos representa. Eu acho que o posicionamento já deveria ter acontecido muito antes. É lamentável. Há um silêncio conivente”, lamentou o estudante do curso de Medicina. informações da Amanda Franco / G1 Petrolina.
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