Devido à paralisação dos caminhoneiros, fruticultura irrigada contabiliza prejuízos

Funcionários ganham folga coletiva e produção na fruticultura irrigada fica parada em Petrolina. (Foto: Paulo Ricardo Sobral/ TV Grande Rio)


A greve dos caminhoneiros chegou ao 9º dia nesta terça-feira (29) em todo país. Em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, a paralisação tem gerado prejuízos na fruticultura irrigada, setor que movimenta a economia local e abastece o mercado nacional. A região do Vale do São Francisco é responsável por 98% de todas as mangas e uvas exportadas pelo Brasil.

Os containers que transportam a safra destas frutas não conseguiram sair dos galpões. Por isso, as câmaras frias utilizadas no processo de conservação ficaram totalmente ocupadas. Como consequência, muitas frutas não foram colhidas e correm o risco de apodrecer.

Em uma fazenda localizada no Núcleo 2 do Distrito de Irrigação Nilo Coelho, a ordem é que as mangas continuem nas árvores. "Estamos com uma superlotação de frutas da última semana. Também esse mesmo volume de 130 toneladas da semana passada e dessa semana também. Estamos impedidos de colher as frutas da próxima semana para não haver uma superlotação de frutas no estoque e, consequentemente, reduzir o preço", explicou o Engenheiro Agrônomo responsável pela plantação, Emerson Costa.

Nesta mesma fazenda, quatro câmaras frias estão lotadas e cerca de 260 toneladas de mangas deixaram de ser vendidas em duas semanas, já que não há como transportar a produção. Mesmo que as frutas fossem embarcadas imediatamente, há o risco de que elas apodreçam no caminho. De acordo com a Associação dos Produtores e Exportadores do Vale do São Francisco, em uma semana, deixaram de ser comercializadas cerca de 40 mil toneladas de uvas, 60 mil toneladas de mangas e 200 mil toneladas de outras frutas, como goiaba e acerola. A organização estima que o prejuízo já tenha ultrapassado 570 milhões de reais.


Devido à paralisação dos caminhoneiros, fruticultura irrigada contabiliza prejuízos (Foto: Reprodução/ TV Grande Rio )

"A fruta depende 100% do caminhão. Porque para você levar a fruta até o porto de navio ou ao porto de avião ou os mercados internos, como é o mercado de São Paulo, o principal, a Ceagesp, você precisa 100% do caminhão. Como a fruta é perecível e você não tem esse caminhão você precisa estocá-la em uma câmara fria e com alto custo para esfriar. Quando não cabe mais na câmara fria, que é o que está acontecendo aqui na região, a fruta está ficando no campo. Com essa fruta ficando no campo tem agora o problema de sanidade vegetal", lamentou o Gerente Executivo da empresa, Tássio Lustoza.

A fruticultura irrigada ocupa uma área de 120 mil hectares entre os estados de Pernambuco e Bahia e emprega 240 mil pessoas. Sem poder colher e embalar, os funcionários das fazendas estão ganhando folgas coletivas. Em uma fazenda localizada no Núcleo 1 do Distrito de Irrigação Nilo Coelho, 1000 funcionários receberam folga e o risco é que haja demissões. "No momento todo pessoal de colheita e embalagem está de folga, mas isso continua com o custo para a empresa. A gente só não tem o custo de transporte e alimentação, mas todos os outros custos permanecem. E perdurando a greve nós teremos que dispensar o pessoal porque esse custo fica inviável", avaliou o Diretor do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina, José Loyo. As informações são do G1 Petrolina.

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