O texto-base foi aprovado por 324 votos favoráveis e 10 contrários na Câmara. No Senado, foram 46 votos a favor e 23 contra. Parlamentares agora analisam destaques, que são propostas de mudança no texto.
As emendas de relator são chamadas de "orçamento secreto" por terem menos transparência do que as emendas impositivas. No texto, está previsto o valor de R$ 16,5 bilhões para essas emendas no próximo ano. Na CMO (Comissão Mista de Orçamento), que analisou o texto antes de ir ao plenário, a decisão do relator Marcos do Val (Podemos-ES) de dar esse caráter impositivo a elas foi criticada por alguns parlamentares.
Em sessão na segunda-feira (11), no entanto, o senador decidiu retirar o trecho, o que gerou manifestação das legendas favoráveis à obrigatoriedade. O União Brasil foi uma delas, tendo o presidente da CMO, Celso Sabino (União-PA), solicitado mais prazo para analisar a mudança. Nesta terça-feira, no entanto, os líderes do Congresso firmaram um acordo, em reunião pela manhã, para a retirada do trecho que previa a obrigatoriedade.
A reportagem apurou que a reunião das lideranças do Congresso foi tensa, com discussões exaltadas. O União Brasil foi a legenda que mais se posicionou contra a mudança. No plenário, no entanto, Sabino confirmou o acordo, que foi costurado principalmente pela oposição. O acordo envolveu a votação de PLN (Projetos de Lei do Congresso Nacional) de interesse do governo, que serão votados em seguida.
Diante do entendimento, Marcos do Val apresentou um adendo ao parecer, pedindo a supressão do trecho que previa "a obrigatoriedade de execução das programações incluídas ou acrescidas por emendas classificadas com identificador de resultado primário 9 (RP 9)".
A mudança feita por Marcos do Val no relatório ocorre após entrevista do senador ao jornal O Estado de S. Paulo na qual ele disse ter recebido R$ 50 milhões de emendas de relator (RP9) para apoiar a candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à presidência do Senado. Ele afirmou posteriormente que foi mal interpretado, mas a afirmação repercutiu de forma negativa no Congresso.
Foi mantida no texto a previsão de que as emendas de relator serão direcionadas pelo relator-geral do Orçamento, atualmente o senador Marcelo Castro (MDB-PI), e pelo presidente da CMO, Celso Sabino. Oficialmente, os parlamentares afirmam que a proposta visa não deixar os recursos concentrados nas mãos do relator-geral. Nos bastidores, no entanto, fala-se que o objetivo é manter parte do poder na Câmara.
O projeto também obriga a identificar os autores das emendas, o que, segundo os parlamentares, é uma forma de dar mais transparência. Entretanto, o texto não retroage e, assim, não obriga a identificar aqueles que já haviam destinado emendas anteriormente.
Salário mínimo
A LDO aprovada também prevê que o salário mínimo de 2023 será de R$ 1.294, com a correção pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), sem aumento real. De acordo com a matéria, o déficit nas contas públicas será de R$ 65,9 bilhões.
O texto diz ainda que a atualização do teto de gastos — medida que busca a austeridade fiscal ao fixar um limite para os gastos do governo federal — deve gerar um espaço fiscal de R$ 108 bilhões no próximo ano. A LDO estima que o PIB (Produto Interno Bruto) — a soma de todos os bens e serviços finais produzidos pelo país — possa crescer 2,5% em 2023.
A lei em questão estabelece as diretrizes que devem ser seguidas ao redigir a LOA (Lei Orçamentária Anual). A LDO possui as metas e prioridades do governo, com as despesas do próximo ano.
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