O ministro da Fazenda, Fernando Haddad | Dney Justino / Audiovisual / PR
“Nós não vamos proceder assim [retaliação] por orientação do presidente da República. O presidente Lula falou, ‘muita calma nessa hora’. Nós já negociamos outras vezes em condições até muito mais desfavoráveis do que essa”, disse Haddad.
Segundo o ministro, o setor dos materiais apresentou propostas que serão analisadas pela Fazenda e incluídas nas mesas de negociações com os EUA. Conforme Haddad, há um erro de diagnóstico de Donald Trump, que creditou a alta de impostos sobre a importação do aço a uma “revenda” feita pelos fabricantes brasileiros. “O que a gente importa de aço não tem nada a ver com o que a gente exporta de aço”, disse Haddad.
“A mesa de negociação que está aberta já com o governo americano e que foi bem sucedida em outros momentos do passado recente, quando atitudes semelhantes foram tomadas e revertidas em benefício do comércio bilateral. Nós estamos começando a estudar propostas do setor, que tem toda a legitimidade de trazer propostas para nós”, disse o ministro.
A fala vem um dia depois do presidente Lula cobrar respeito de Donald Trump. Em evento em Minas Gerais na terça-feira (11), o petista disse que não adianta o republicano “gritar de lá”, pois o petista não tem “medo de cara feia”.
“Não adianta o Trump ficar gritando de lá porque eu aprendi a não ter medo de cara feia. Fale manso comigo, fale com respeito comigo que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado”, disse Lula.
‘Tarifaço’
As tarifas de 25% dos Estados Unidos sobre as importações de aço e alumínio entraram em vigor nesta quarta. Segundo o vice-secretário de imprensa da Casa Branca, Kush Desai, todos os parceiros comerciais de Washington, sem exceções ou isenções, serão afetados pela taxação – incluindo Canadá e Brasil, principais fornecedores.
Em 2018, o presidente Donald Trump já havia anunciado taxas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio. Alguns países, contudo, receberam isenção, respeitando um esquema de cotas. A ideia era limitar o volume dos produtos importados e acelerar a indústria norte-americana, o que, na visão do republicano, não ocorreu.
O Brasil – até então isento das tarifas – é o segundo maior fornecedor de aço e ferro aos Estados Unidos. Dados do Departamento de Comércio norte-americano mostram que, em 2024, o Brasil forneceu 4,1 milhões de toneladas de aço para o país, ficando atrás apenas do Canadá, responsável por 6 milhões de toneladas ao mercado norte-americano.
0 Comentários
Os comentários não representam a opinião deste site; a responsabilidade é do autor da mensagem.