Dom Malan/IMIP trabalha com 40% acima da sua capacidade resolutiva



O Hospital Dom Malan/IMIP de Petrolina é a referência materno/infantil de alto risco para o sertão do estado, e atende a uma população de mais de 2 milhões de habitantes da Rede Interestadual de Saúde Pernambuco-Bahia (Rede PEBA). Por conta desse grande raio de abrangência, que alcança mais de 50 municípios, o hospital tem enfrentado constantemente a superlotação, chegando a atender, quase que diariamente, 40% acima da sua capacidade resolutiva.

De acordo com o superintendente da unidade, Etiel Lins, o HDM, vive atualmente uma realidade dura, resultado da grande demanda absorvida – que muitas vezes não faz parte do seu perfil – e da falta de resolubilidade de outros serviços de saúde, que acabam sobrecarregando o hospital, que deveria atender apenas o alto risco.

“Podemos explicar isso melhor em números”, ressalta o superintendente. “Para se ter uma ideia, no dia 31 de março nós estávamos com 35 gestantes em uma sala de parto com capacidade para atender 14. A nossa recepção da urgência e emergência obstétrica está sendo usada como espaço de atendimento. Constantemente, temos 40, 50 mulheres na sala de observação e na enfermaria da urgência e emergência, quando deveríamos ter apenas 28, ou, no máximo, 30. Contamos com apenas 4 salas cirúrgicas para realização de partos, cirurgias ginecológicas, oncológicas e pediátricas. E esses são apenas alguns dos exemplos”, pontua Etiel.

“Apenas no primeiro trimestre de 2017, o Hospital Dom Malan realizou 1770 partos. Inclusive, somos a unidade que mais faz partos por ano em todo o estado de Pernambuco, com um total de 7.282 realizados em 2016. Mas, cerca de 49% dessa demanda não é nossa. Ou seja, recebemos muitas pacientes de risco habitual que deveriam ser atendidas em seus municípios de origem ou em um serviço referenciado para o baixo risco. Se não houvesse essa demanda extra, poderíamos prestar um serviço de mais qualidade e otimizado ao público que realmente precisa de uma unidade hospitalar de alta complexidade”, acredita a coordenadora de enfermagem, Fátima Leal.

Segundo a enfermeira obstetra, Laize Borges, a taxa de ocupação da urgência e emergência obstétrica já chegou a 185%, com 52 mulheres em observação e internadas. “Por conta dessa superlotação, às vezes o atendimento demora um pouco ou temos que contra-referenciar algumas pacientes de risco habitual para a maternidade de Juazeiro, por exemplo. E aí temos que encarar uma outra questão, que é a falta de compreensão da população e das usuárias com relação a essa sobrecarga”, relata.

Para o superintendente do HDM, mesmo com toda essa problemática, a equipe do hospital tem se empenhado em tentar dar respostas rápidas e atender às demandas com a maior brevidade possível para um serviço público de saúde nessas condições. Inclusive, ressalta que para elogios, sugestões e reclamações, a direção possui um canal de comunicação direto com os usuários que é através da ouvidoria. “Orientamos àquelas pessoas que tenham alguma dúvida com relação ao atendimento ou protocolo de serviço, que procurem a nossa ouvidoria, que funciona de segunda à sexta-feira, das 7 às 17h. Esse contato pode ser feito também por telefone (87-3202-7037)”, informa Etiel.

As perspectivas de desafogamento da unidade materno/infantil baseiam-se na abertura da casa de parto municipal e nas corresponsabilidades que os municípios da Rede PEBA precisam assumir, entre outras políticas públicas, que envolvem desde campanhas de orientação quanto ao planejamento familiar até a busca de subsídios para a melhoria dos serviços. “Estamos procurando conversar com alguns municípios para que assumam de forma efetiva o parto de risco habitual, inclusive nos disponibilizando para formar enfermeiras obstetras que poderão trabalhar nessas maternidades, e também buscando soluções internas para que, mesmo diante das dificuldades, possamos ofertar um serviço de qualidade. Afinal, o Hospital Dom Malan tem um papel de destaque dentro da rede de saúde do estado e tem feito a diferença na vida de muitas famílias que por ele passam”, conclui a diretora de Atenção à Saúde do HDM/IMIP, Tatiana Cerqueira.

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