Neymar assiste C. Ronaldo marcar dois e Real virar em cima do PSG

(Foto: Gabriel Bouys / AFP)



Neymar tem tudo para ser um dia o melhor jogador do mundo. Mas, o momento do craque brasileiro parece que ainda vai demorar um pouco mais do que talvez ele próprio imagine. Na noite dessa quarta-feira, o camisa 10 do Paris Saint-Germain pouco conseguiu ajudar sua equipe no embate frente ao Real Madrid de Cristiano Ronaldo no estádio Santiago Bernabéu, pelo primeiro confronto das oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa.
Os parisienses, que haviam levado apenas quatro gols e marcado estrondosos 25 na fase de grupos, até conseguiram impor um ritmo forte como visitante, mas pecaram nos detalhes e sofreram com o faro de gol do atacante português. Cinco vezes melhor do mundo, Cristiano Ronaldo comandou a virada madrilenha com dois gols depois de Rabiot abrir o placar. Marcelo também foi às redes e fechou o placar em 3 a 1. Neymar não teve nenhuma grande oportunidade, recebeu um cartão amarelo e chamou atenção mais pela bolada que acertara no árbitro do que por qualquer outro lance.
No fim, a noite foi mesmo do astro português, agora dono de 116 gols pela Liga dos Campeões, 101 deles apenas com a camisa do Real Madrid. O time dono de 12 troféus da competição tão cobiçada pelos franceses, segue firme na caminhada para levar seu camisa 7 ao quinto título do torneio.
Neymar, sete anos mais novo que Cristiano Ronaldo e ainda distante de tantos feitos, já foi campeão da Liga dos Campeões uma vez com a camisa do Barcelona, mas terá de mostrar tudo que é capaz dia 6 de março, no Parque dos Príncipes, para manter o sonho do PSG vivo e para provar que pode, sim, ser o melhor jogador do mundo.
Para isso, precisará muito da ajuda de seus companheiros, pois os espanhóis avançam com qualquer empate e até mesmo com uma derrota por um 1 a 0. Graças ao gol de Rabiot, um placar de 2 a 0 para o PSG garante a vaga aos parisienses. Um novo 3 a 1 leva a definição à prorrogação e qualquer empate.
Primeiro tempo
Do lado de fora do Santiago Bernabéu, as ruas estavam tomadas horas antes da bola rolar. O ônibus com a delegação madrilenha percebeu de cara qual seria o clima para o que viria pela frente. Cerca de quatro mil franceses esgoelavam suas gargantas para mostrar aos parisienses que eles não estavam sozinhos no território inimigo.
Escalações, hino dos donos da casa, hino da Uefa e até bandeirão para homenagear Rafael Nadal, tenista espanhol, torcedor do Real Madrid e justamente maior campeão da história de Roland Garros, o Grand Slam de Paris.

Enfim, o italiano Gianluca Rocchi apitou o início da partida e de cara os comandados de Zidane partiram para a pressão na marcação alta. Deu resultado e com apenas dois minutos Cristiano Ronaldo já finalizou pela primeira vez com perigo. A blitz seguiu com Marcelo fazendo fila e Kroos exigindo a primeira intervenção de Aréola.
Neymar, só de dominar a bola, já recebia marcação sobrada. Cabeça quente, o camisa 10 acertou Modric com apenas 14 minutos e levou o cartão amarelo. Mesmo assim, o PSG não deixava de insistir nas jogadas com seu craque.
O problema era a tentativa de saída de bola dos franceses, apesar da marcação alta dos donos da casa. Aos 25, Lo Celso abusou com um calcanhar para Verrati. Isco tomou a bola e só foi parado com falta na entrada da área. Cristiano Ronaldo, no entanto, bateu por cima do travessão.
Em seguida, o português voltaria a ter uma grande oportunidade de marcar. Tudo começou com Neymar escorregando na hora de finalizar dentro da área do Real. O contra-ataque foi ligado por Marcelo, que inverteu tudo e deixou o camisa 7 na cara do gol. Aréola apareceu de novo como salvador. Dessa vez a defesa foi com o próprio rosto.
Em um jogo em que todos os holofotes direcionavam para Neymar e Cristiano Ronaldo, era pedra cantada que sobraria espaço para um coadjuvante aparecer como protagonista. E foi assim que surgiu o primeiro gol da partida. E foi do PSG.
Aos 32, Mbappé resolveu se virar sozinho pela direita. O garoto francês mandou para a área, Cavani deixou passar e Neymar foi travado. Mas, na sobra, Rabiot estava livre para mandar para o fundo do gol de Navas.
Enquanto os parisienses comemoravam, Cristiano Ronaldo pediu cabeça erguida. É verdade que o Real Madrid sofreu outro grande susto, quando Cavani chutou e a bola desviou em Casemiro antes de sair pela linha de fundo. Mas, quando Kroos invadiu a área e foi agarrado infantilmente por Lo Celso, veio o alívio para a torcida local. Alguns segundos de apreensão e caixa. Cristiano Ronaldo pregou e Aréola, apesar de ir bem na bola, não conseguiu evitar o gol de empate no último lance antes do intervalo.
Segundo tempo
Como não podia deixar de ser, a etapa final teve um ritmo muito menos alucinógeno. Não há preparo físico que aguentasse aquela correria pelo jogo todo. Apesar da queda do ritmo, o jogo seguiu imprevisível e mais aberto, com os dois ataques ganhando espaços.
E nessa briga quem se deu bem, aparentemente, foram os visitantes. Com a bola no chão e muita paciência, o PSG não se intimidou na casa do adversário e ficou mais tempo com a bola. Assim, exigiu boa defesa de Navas aos quatro minutos e suplicou por pênalti aos nove. Rabiot acertou uma bomba, que acabou pegando no braço de Sérgio Ramos que estava grudado ao seu corpo. Lance bastante complicado para a arbitragem, que preferiu nada marcar. O juiz acabou ‘punido’ pouco depois, obviamente que sem querer, ao levar uma bolada na orelha de Neymar.
O Real Madrid não suportou a cadência dos franceses e teve de admitir uma inferioridade. Por longo tempo, o que se viu foi o Paris Saint-Germain pressionando em busca do gol da vitória, principalmente com Daniel Alves pela direita, enquanto os madrilenhos apenas especulavam nos contra-ataques, que nem apareciam com tanta frequência.
Zidane, então, resolveu agir. Mandou a campo Bale, Asensio e Vázquez. Por outro lado, Unai Emery resolveu sacar Cavani. O recado foi dado pelo mestre e o time captou rapidamente a ideia. A ousadia de Zidane foi recompensada dois minutos após suas substituições.
De novo o PSG perdeu a bola na sua intermediária e sofreu o abafa. Modric serviu Asensio pela esquerda. O atacante, ainda frio, aprofundou e cruzou. A bola desviou e Cristiano Ronaldo estava no lugar certo na hora certa, para, de joelho esquerdo, mostrar todo seu oportunismo e virar o jogo para o Real Madrid.
De soberano a atordoado, o Paris Saint-Germain sentiu o gol. E contra um gigante como o Real Madrid tal vacilo pode ser fatal. Apenas quatro minutos depois do fim da comemoração, Marcelo apareceu dentro da área com muita liberdade para aproveitar novo cruzamento de Asensio e correr para o abraço.
No fim, pesou o faro de gol de Cristiano Ronaldo e a inteligência de Zinedine Zidane para o Real Madrid saltar na frente do Paris Saint-Germain no duelo das oitavas de final da Liga dos Campeões. Dia 6 de março tem mais.
O que vem pela frente
A expectativa pelo reencontro das duas equipes em Paris já é grande. Antes disso, porém, os dois times têm compromissos pelas suas ligas nacionais. Nesse sábado, o PSG recebe o Strasbourg, às 14 horas. Já o Real Madrid visita o Bétis às 16h45 do domingo (ambos em horário de Brasília).
FICHA TÉCNICA
REAL MADRID-ESP 3 X 1 PARIS SAINT-GERMAIN-FRA
Local: Santiago Bernabéu, em Madri (Espanha)
Data: 14 de fevereiro de 2018, quarta-feira
Horário: 17h45 (horário de Brasília)
Árbitro: Gianluca Rocchi (ITA)
Auxiliares: Elenito Di Liberatore (ITA) e Mauro Tonolini (ITA)
Cartões amarelos: Isco, Nacho (RMA); Neymar, Lo Celso, Rabiot, Meunier (PSG)
GOLS:
Real Madrid: Cristiano Ronaldo, aos 44 minutos do 1T
PSG: Rabiot, aos 32 minutos do 1T e aos 37 minutos do 2T. Marcelo, aos 41 minutos do 2T.
REAL MADRID: Navas; Nacho, Varane, Sérgio Ramos e Marcelo; Casemiro (Vázquez), Kroos, Modric; Isco (Asensio), Cristiano Ronaldo e Benzema (Bale)
Técnico: Zinedine Zidane
PSG: Aréola; Daniel Alves, Marquinhos, Kimpembe e Berchiche; Rabiot, Lo Celso (Draxler), Verratti; Neymar, Cavani (Meunier), Mbappé.
Técnico: Unai Emery.

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