Corpo de pernambucana morta na Nicarágua é liberado, diz secretário de Justiça e Direitos Humanos

 (Foto: Reprodução/TV Globo)

O corpo da estudante de medicina Raynéia Lima, pernambucana de 30 anos morta na Nicarágua na segunda-feira (23), foi liberado após a perícia realizada no Instituto de Medicina Legal de Manágua, capital desse país da América Central. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (26) pelo secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico.

Apesar de o laudo médico e o atestado de óbito ainda não terem sido disponibilizados, o titular da pasta explicou que o traslado do corpo depende exclusivamente da transferência dos recursos do governo do estado para a Funerária Monte de los Olivos, responsável pelo embalsamamento e pela repatriação.

Da Nicarágua, país que enfrenta uma crise sociopolítica com manifestações contra o presidente Daniel Ortega, no poder desde 2007, o corpo vai ser trazido ao Brasil pela companhia Copa Airlines, em um trajeto que sai de Manágua, passa pelo Panamá e, em seguida, chega ao Recife.

“Não podemos fixar o dia da chegada do corpo, por causa das questões burocráticas que estamos resolvendo. Em Manágua, existe apenas uma empresa funerária [que faz o traslado para o Brasil] e, por isso, não é preciso licitação”, disse Pedro Eurico.

O governo de Pernambuco informou também que vai solicitar que a Corte Interamericana de Direitos Humanos investigue o assassinato da jovem. O pedido será feito junto ao Ministério das Relações Exteriores. A partir do dia do ingresso, o documento tem um prazo de 90 dias para ser apreciado pela corte.

“Estamos exigindo a apuração da causa de morte de Raynéia. As informações dizem que ela morreu em um atentado realizado por grupos paramilitares ou grupos ligados ao governo. Nós não podemos aceitar que um cidadão brasileiro seja assassinado por motivação de natureza presumivelmente política”, afirmou Pedro Eurico.

Além de buscar esclarecimentos junto ao governo nicaraguense sobre o assassinato da pernambucana, o Itamaraty convocou a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Lorena Martínez, a dar explicações ao Ministério das Relações Exteriores sobre a morte da estudante.

Entenda o caso

Raynéia Gabrielle Lima foi morta na segunda-feira (23) no sul da capital da Nicarágua, onde cursava medicina, após ser atingida por tiros disparados por "um grupo de paramilitares". No país desde 2013, a pernambucana se preparava para voltar ao Brasil em 2019, segundo a mãe, a aposentada Maria Costa. 

Na quarta-feira (25), a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco se dispôs a arcar com os custos do traslado e do funeral de Raynéia Lima. No mesmo dia, a secretaria informou que fará o pagamento apenas do traslado, porque o corpo da estudante será sepultado em um cemitério na Região Metropolitana do Recife, onde a família possui jazigo.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) responsabilizaram o governo da Nicarágua por "assassinatos, execuções extrajudiciais, maus tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias". Segundo a Associação Nicaraguense de Direitos Humanos, mais de 350 pessoas morreram, entre elas, muitos estudantes, devido à crise no país. As informações são de Pedro Alves, G1 PE.

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