A fuligem se espalha pela a casa dos moradores de Petrolina. — Foto: Reprodução/TV Grande Rio
Na casa da assistente social, Josilene Lopes, a quantidade de fuligem é grande e se espalha por toda a casa. Ela conta que todos os moradores são alérgicos e que precisa limpar a casa toda manhã. "A rotina é amanhecer com o balde e rodo na mão para poder abrir a porta. A minha filha de 12 anos, tem bronquite asmática e nesse período de maio a novembro, é o período de maior crise dela. Não só por conta da fuligem, mas da fumaça que no decorrer da noite a gente percebe aqui na nossa casa".
Segundo o pneumologista David Coelho, a fuligem pode prejudicar a saúde das pessoas, mesmo aquelas que não tenham crises alérgicas. "As partículas maiores da fuligem, elas vão cair nos brônquios, na traqueia, na laringe e vai aumentar a produção de secreção, de catarro. Então você pode ter tosse por conta dessa partícula irritante. Mas, mesmo quem não tem doença, também vai ter sintomas e com o efeito acumulativo ao longo de anos, pode desencadear uma doença definitiva", conta o médico.
Os resquícios das cinzas da queima da cana ficam espalhados tanto na área da frente quanto no quintal da casa do cantor, Emanuel José. Ele morava em Lagoa Grande e ficou surpreso quando percebeu os vestígios pretos da palha de cana queimada. "Eu sou alérgico, já perdi vários eventos por conta disso. Não tenho o conforto de soltar meu filho pra brincar na área, que ele volta preto, a fraldinha suja, é muito difícil".
Emanuel disse que já entrou em contato com a Agrovale, mas, não recebeu respostas satisfatórias. "Eles falaram que tem os parâmetros, a documentação legal e vão continuar fazendo o que eles fazem, que é o trabalho deles".
O Ministério Público Federal informou por nota que já promoveu algumas reuniões decorrente de inquérito civil instaurado para apurar a situação da fuligem da queima da cana de açúcar da Agrovale.
Em resposta solicitada, a Agrovale comunicou que cumpre todo o regramento jurídico ambiental sobre o tema, minimizando os impactos, dialogando e acatando as sugestões, mesmo as não impositivas, dos órgãos de fiscalização do estado.
A empresa informa ainda que vem realizando investimentos contínuos, visando a melhoria dos seus processos, com a adoção de medidas técnicas e de responsabilidade econômica, social e de sustentabilidade ambiental. Como resultado, é possível constatar a redução significativa da incidência da fuligem em comparação às ocorrências em anos anteriores.
A Agrovale também esclarece que no tocante à tecnologia de corte mecanizado disponível no mercado, esta não atende as características peculiares da agricultura 100% irrigada que a empresa pratica, sendo única no mundo em cana com alta densidade, acrescida das dificuldades de manejo do solo, o que tem dificultado as ações no intuito de atender em sua totalidade a erradicação da queima controlada.
Tais limitações tecnológicas estão sendo trabalhadas em parceria com consultorias especializadas, de forma planejada e responsável, com as adequações agronômicas necessárias. As informações são do G1 Petrolina.
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