Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press
Euclides da Cunha eternizou que "o sertanejo é, antes de tudo, um forte". E o Tricolor do Sertão foi bem mais além: foi um sofredor, um paciente - que em tantas vezes foi cirurgiado em campo e na maioria delas soube esperar com o sol quente na moleira -, um intruso, um corajoso, um merecedor...
O voo do Carcará é o voo da Patativa, do Gavião e da Águia do Agreste, do Falcão, da Lavandeira, da Coruja, da Arara-azul. A conquista foi como a costura da Máquina, a pontada certeira do vizinho Bode, a caçada perfeita do bando de Lampião. É um título do Central, do Porto-PE, do Ypiranga-PE, do Serra Talhada, do Araripina, do Afogados, do Sete de Setembro, do Flamengo de Arcoverde, e de tantos outros que, cansados, até deixaram de existir.
A taça levantada pelo zagueiro Ranieri – logo ele que chegou tão perto em 2015 e 2017 - também foi erguida por Marcos Tamandaré, Dudu Gago, Edu Chiquita, Russo, Janduir, Freitas, Gedai, Wallef e todos os capitães que tentaram passar pelo trio de ferro e ficaram pelo caminho. É uma conquista que viaja rasante pelo Sertão, se banha nas águas do Velho Chico, passa pelo Agreste, pela Mata Sul e por todo interior do interior.
Pegando emprestado o verso do também sertanejo Pinto do Monteiro, o Salgueiro tirou de onde não tinha e colocou onde não cabia. Ou onde achavam que não cabia. O português Daniel Neri - que se considera brasileiro e não é discípulo do tão falado Jesus - comandou a expedição e com certeza contou com preces de fiéis de padre Cícero para fazer o Sertão sorrir em meio à tanta tristeza causada pela seca e pela Covid-19.
Com o bico volteado, o Carcará teve fome e foi mais coragem do que homem, peitou o Santa Cruz no Arruda e catou a cobra coral queimada no tempo da invernada. João do Vale estava certo: Carcará pega, mata e come. As informações são de Lafaete Vaz / globoesporte Caruaru, PE.
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