Com o tempo, percebemos que tem gente que só aprende na marra, na força, e 2020 fez escola no que toca a reserva de emergência, fundo de reserva, colchão de segurança, entre outros nomes que remetem ao mesmo objetivo. Mas você sabe exatamente o que significa, a importância e o impacto disso na sua vida?
Certamente, 2020 mostrou isso na prática para muita gente, tantos que precisaram usar a reserva e outros que sentiram a falta que ela faz. Essa tal reserva nos traz o mínimo de tranquilidade, representa um valor que te dá suporte em algumas situações da vida, como desemprego, redução de renda, doença familiar, oportunidades, entre outras razões que levem à necessidade de uso da mesma.
No Brasil, ao se perder o emprego, se recebe o FGTS, seguro desemprego e rescisão. Porém, foi comum nos últimos anos, devido à situação do país, que as empresas demitissem os funcionários e simplesmente não pagassem nada do que tinham direito, e que os direitos fossem procurados na justiça. O fundo de reserva vem também para momentos como esse.
E no ano de 2020, com a pandemia, se mostrou fortemente a necessidade de ter essa tal reserva, o freio de mão foi puxado, e nos mais diversos setores, profissionais de diferentes áreas pararam de gerar receita, parou quase tudo, veio a perda do emprego, redução de jornada e renda, empresas fechando e tudo mais o que sabemos bem, e que vai muito além da economia.
Um exemplo também para a possibilidade de uso é para “oportunidades” que é possível destinar o valor do fundo de reserva, por exemplo: você quer trocar de carro e seu vizinho quer vender o que tem por um preço abaixo do mercado porque está de mudança para o exterior. Se trata de uma grande oportunidade e a reserva de emergência pode dar esse suporte. Vale analisar com cautela e quem sabe, de acordo com suas condições e planejamento, aproveitar o momento. Mas, como calcular o valor para compor o fundo de reserva? O ideal é que seja de 6 a 12 meses das suas despesas mensais.
Ou seja, se uma família gasta R$ 1.000 por mês, precisa de R$ 6 a R$ 12 mil. Esse valor varia de acordo com o perfil de cada pessoa, de cada família. Se é um casal de funcionários públicos, que tem certa estabilidade, e perfil poupador, pode partir para um fundo de reserva mais baixo, de 4 a 6 meses. Já se tratando de um casal que trabalhe no meio privado, o ideal, sim, é ter uma reserva maior, partindo para os 12 meses das despesas mensais, tendo assim mais segurança. Naturalmente, existem outras variações que podem ser adotadas, não há uma regra, mas o bom senso é importante, de forma que você tenha a segurança necessária.
A reserva de emergência te dá autonomia, permite que você tenha mais tranquilidade para suas escolhas e decisões. Imagine você querer mudar o rumo, ajustar algo na vida pessoal ou profissional e não ter nenhuma reserva, nada que te dê um respaldo nesse sentido, e com isso ficar ancorado, sem a possibilidade de reajustar as velas, porque se parar de receber, não tem como pagar as contas, o que talvez torne determinados planos realmente inviáveis.
Não é à toa que a inadimplência subiu muito no pico da pandemia e seguiu bem acima da média na sequência, a renda caiu ou simplesmente zerou, as contas por sua vez nunca param de chegar, o boleto sempre vence, e muitas contas venceram, não foram pagas. Para quem tinha reserva, foi a hora de acionar o botão de uso e honrar os compromissos, reduzir despesas e respirar para enfrentar a realidade.
Existem alguns erros bem comuns na hora de compor a reserva. Já vi muita gente dizer que tem um imóvel, uma sala comercial ou um terreno. Entenda: isso não faz parte da sua reserva, pois o valor dela precisa estar investido em algum produto com liquidez! Você não consegue transformar um bem desse em dinheiro da noite para o dia. Ou seja, fundo de reserva não está ligado à alta rentabilidade, mas à liquidez, que é a possibilidade de você ter o valor disponível de forma rápida quando precisar.
Alguns produtos adequados e bastante sugeridos no mercado para esta finalidade são o Tesouro Selic, CDB com liquidez diária e pelo menos 100% do CDI ou fundos de renda fixa com taxa de administração zero, e que renda pelo menos 100% do CDI. Nesses produtos você consegue um retorno acima da poupança e de maior parte dos produtos dos grandes bancos, com alta liquidez.
Outro erro comum que vejo, é as pessoas utilizarem o fundo de reserva para fazer uma viagem ou festa de aniversário. Não é o correto descapitalizar a sua reserva para esses fins, aniversário e viagem tem todo ano, você precisa planejar isso.
Independente da fase de sua vida, corra atrás para compor o seu fundo de reserva. Pode levar dois, quatro, cinco anos ou mais, o importante é começar, é dar o primeiro passo. Coloque uma meta de ter um mês, logo depois três meses, seis meses e vá avançando aos poucos. Invista de 50 a 70% do que poupa a cada mês com esse foco. O importante é ter consistência e recorrência mensal. Você chega lá!
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