Sem abastecimento de água da transposição, agricultores de Cabrobó, PE, temem prejuízos

Com o fechamento das comportas, os canais por onde a água da transposição do Rio São Francisco passava estão vazios. — Foto: Amanda Lima / G1

Medo e insegurança. Estes são os sentimentos dos agricultores que contavam com a água de canais e reservatórios da transposição do Rio São Francisco para irrigar plantações em Cabrobó, no Sertão Pernambucano. O motivo da angústia é a interrupção do abastecimento de água para as vilas da região, ocasionada pelo fechamento das comportas da barragem de Tucutu, com capacidade de armazenar até 25 bilhões de litros.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cabrobó, Marcos Antônio Vasconcelos, desde que foi inaugurada, em 2017, a barragem fornecia água regularmente para cerca de 17 mil moradores de Cabrobó e Terra Nova-PE. Mas a última vez que isso aconteceu foi em novembro de 2018.

"Há três meses nós recebemos água da barragem. Os agricultores que acreditaram no processo plantaram as lavouras. Temos plantio de uma série de fruticultura que o pessoal acreditou, investiu e hoje pode correr o risco de perder", afirma Marcos Antônio, completando.
"Hoje nós estamos adentrando na dependência da barragem Nilo Coelho, em Terra Nova, mas ela não vai ter a capacidade de suprir esses agricultores porque a carga da água lá é muito pouca. Esses agricultores estão aflitos com essa situação, já recorrendo aos políticos, ao sindicato e todas as demandas que possam fazer com que essa água realmente possa chegar com mais rapidez, porque senão vão ter um prejuízo muito grande", lamenta.

Com água insuficiente para a irrigação, os agricultores já contabilizam os prejuízos. Um deles é Arthur Gomes que estima perder mais da metade da sua produção de milho. “Faltou água. A gente esperando que a água vinha, mas a água não veio e a chuva foi pouca. Ai está nessa situação, mais da metade da produção vai ser perdida, porque se água tivesse vindo não ia acontecer isso. Um prejuízo de R$5.000 a R$6.000.”



Arthur Gomes estima perder mais da metade da sua produção de milho. — Foto: Amanda Lima / G1


Sem a água da transposição, os agricultores contam com a chuva e com reservatórios próprios. "A chuva do mês de dezembro que ajudou a encher o reservatório. É com essa água que nós estamos. Ai se não chover ou não vir outro, fica difícil”, explica o agricultor Ademar Santos.

A instabilidade no abastecimento está afetando também as próximas produções. “Com isso agora a situação realmente fica mais difícil, os agricultores agora com receio, pararam. Alguns já estão parando até os plantios para poder não inicializar sem ter uma definição, porque iniciar um plantio e depois não saber se vai ter água ou não é complicado. Hoje você está tirando de um poço que são veias, que estão ali dentro do riacho, mas e quando o poço secar? Vai irrigar com o que? Ai não tem condições” , declara Marcos Antônio.

Por nota, o Ministério de Desenvolvimento Regional informou que este trecho da transposição está em pré-operação. E, nessa fase, são feitos os ajustes e verificações do funcionamento dos equipamentos, por isso é normal ter interrupções temporárias. Enquanto isso, as comportadas das barragens continuam fechadas. O ministério não informou quando vai reabrir as comportas, e também não explicou porque os agricultores não foram avisados antes sobre o fechamento. As informações são do G1 Petrolina.

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