Obra da transposição em Salgueiro no Sertão de Pernambuco — Foto: Reprodução/ TV Grande Rio
As vilas produtivas rurais, criadas para abrigar cerca de 5 mil pessoas, que tiveram que deixar as terras por causa da obra, também não funcionam como foi prometido. "A gente morava no que era nosso, tínhamos as nossas casas próprias, e fomos retirados pra vim morar aqui no intuito de um bom lugar, com posto médico funcionando, escolas, estradas, transporte escolar, e nada disso funciona, continua a mesma coisa, o mesmo descaso de antigamente”, conta o agricultor Damião dos Santos.
Também no Eixo Norte, estruturas tiveram que ser reconstruídas. É o caso do canal que se rompeu em agosto do ano passado, e causou um desperdício enorme de água. O paredão do reservatório de negreiros, em Salgueiro, está passando por reparos por causa de um vazamento que tirou 35 famílias de casa, às pressas. O risco era de rompimento. Nove meses se passaram desde o incidente e o serviço ainda não acabou.
"Eles estão realizando os reparos. Dizem que tem até o prazo aí pela integração, que é pra colocar água agora em junho, mas diz que essa vai ser feita em três etapas, agora aí o período de quanto tempo vai ser feita essas etapas eu não sei te dizer”, relata a agricultora Maria Auxiliadora de Vasconcelos.
Os trechos da transposição que já apresentaram problemas e aqueles que ainda não foram concluídos são citados no relatório do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. O documento aponta outros erros da execução da obra e possíveis dificuldades na gestão e na distribuição de água. O relatório foi elaborado por um hidrólogo com acompanhamento de integrantes do Comitê analisou a evolução histórica e as operações propostas pela transposição da Bacia do Rio São Francisco com objetivo de combater a seca nos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
O Projeto para Integração do Rio São Francisco é uma obra inacabada tanto do ponto de vista físico como institucional, embora o Governo Federal costume agir como se ela já estivesse concluído. O relatório também diz que o projeto foi superdimensionado, feito para receber volume de água, muito superiores dos que devem escoar nos canais. O documento afirma que seria necessária a conjunção de cheia excepcional na bacia do São Francisco e de fortes nas bacias receptoras para que a estrutura recebesse grandes montantes de água, sem correrem prejuízos. Dos quatro estados que devem ser beneficiados pela transposição, apenas o Ceará estaria preparado para receber e gerenciar a distribuição de água.
O comitê recomenda uma revisão do projeto. “ No sentido de apresentar propostas viáveis não somente para a efetividade da distribuição de água, através dos canais da transposição, mas, principalmente, para que a revitalização de toda a bacia hidrográfica e seus afluentes, seja eficiente".
O Ministério da Integração informou em nota que os dois eixos de transposição e a transferência de água do Projeto de Integração do Rio São Francisco já estão em pré-operação e que nesta fase é necessário fazer ajustes e verificação de equipamentos hidromecânicos e que é natural que ocorra interrupções temporárias em algumas estruturas. O Ministério diz também que todos os serviços serão concluídos no segundo semestre deste ano. Ainda segundo o ministério, há dois anos, o eixo leste, regiões de Pernambuco e da Paraíba, com mais de um milhão de moradores são beneficiados. As informações são do G1 Petrolina.
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