Golpistas anunciam falsas vagas de trabalho para roubar dados e dinheiro de desempregados

Foto: Reprodução/TV Globo

Pessoas que estão desempregadas precisam ficar atentas a falsas vagas de emprego, oferecidas principalmente pela internet, nas redes sociais. A Superintendência Regional do Trabalho tem recebido reclamações e orienta que, antes de aceitar a proposta, é importante checar se a empresa existe e se as vagas são reais.

Taciana Dulcine sentiu um frio na barriga quando viu o e-mail. Desempregada, ela se animou com a mensagem dizendo que o currículo dela tinha sido escolhido para participar de uma seleção presencial. A euforia, no entanto, durou pouco tempo, porque disseram que ela precisaria pagar R$ 5, no boleto ou cartão de crédito, para reservar a vaga.

O valor seria devolvido no dia do encontro, se o candidato levasse um quilo de alimento. Além disso, o local da seleção seria enviado por e-mail, depois da confirmação de reserva. Pelas redes sociais, Taciana viu que outras pessoas tinham recebido o mesmo chamado e desconfiou.

"Tinha um comentário de uma menina dizendo assim 'eu fui e é golpe'. Depois, ela explicou que era para se encontrar em um hotel. Ela não disse o nome de qual e, quando chegava lá, os funcionários, recepcionistas, ninguém sabia dessa seleção", afirmou.

Outras propostas apareceram, mas com exigências que não tinham nada a ver com escolaridade, habilidade ou experiência profissional. Taciana já trabalhou como caixa, balconista de padaria e operadora de call center. Sem emprego há um ano, ela ficou indignada com uma ligação que recebeu.

"Uma mulher que se identificava como psicóloga. Ela falou que eu precisava levar meu currículo, uma caneta azul ou preta e uma taxa de R$ 20 para que meu currículo ficasse ativo por seis meses", declarou.

A Superintendência Regional do Trabalho de Pernambuco sempre recebe denúncias de cadastros duvidosos de emprego. De acordo com o chefe de planejamento Edson Cantarelli, que é auditor fiscal do trabalho, os golpistas usam a situação de fragilidade em que o desempregado se encontra.

"A gente ouve denúncias quase que diariamente. Faça uma consulta. Tem um site da Receita Federal que tem a possibilidade de consulta do CNPJ. Se é uma prestação de serviço, faz um contrato. Se a empresa está lhe oferecendo alguma coisa, antes de você pagar ou passar seus dados, diga 'me mostre o contrato, quero ver seu CNPJ, qual serviço você vai me oferecer'. Se ele não lhe oferecer o serviço, você vai ao Procon, por exemplo", declarou.

Cantarelli disse, ainda, que é fundamental checar se a empresa existe e se as vagas são de verdade, porque muitas vezes os golpistas estão interessados nos dados pessoais das vítimas.

"Suponhamos que eu seja um estelionatário e queira abrir uma empresa laranja em outro estado e, para abrir, eu preciso, efetivamente, de um laranja, de alguém para que que coloque o nome. Aí eu peço seu currículo, você vai me dar seu nome completo, sua filiação, seu CPF, seu endereço, e de alguma forma eu posso usar essa empresa para abrir uma empresa, algum crime", explicou.

Polícia

De acordo com o delegado Rômulo Aires, em 2019, esse tipo de crime triplicou em relação a 2018. No Brasil, aponta um levantamento feito por um laboratório de segurança digital, ao menos duas milhões de pessoas foram vítimas de golpes de falso emprego.

"Estima-se que, a cada mês, são detectados dez links desse tipo na internet. Esses links têm como objetivo pegar os dados pessoais que estão nas redes sociais", afirmou o policial. As informações são de Bianka Carvalho, TV Globo / G1 PE.

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