Cuidado com o supletivo no mundo dos investimentos!

Imagem de Steve Buissinne por Pixabay 



Recentemente, tivemos mais um corte da taxa Selic, o oitavo seguido. Não foi uma surpresa, mas foi um grande corte, talvez o maior da história, percentualmente falando, a taxa caiu 25%. Naturalmente, a renda fixa está cada vez menos atrativa, mas discordo com a morte da mesma que muitos bravam fortemente há tempos e agora ainda mais. Independente do seu perfil de investidor, um planejamento financeiro bem feito ou qualquer assessoria de investimento, indicará para sua carteira um percentual na renda fixa. Desta forma, a tal morte não aconteceu, e no Brasil não vejo previsão do fim num curto prazo.

Muito pelo contrário, exige mais cautela, conhecimento, parcimônia dos investidores para analisar e escolher os melhores produtos para se posicionar na parte de sua carteira que deve estar na renda fixa. Isso exige conhecimento ou uma boa orientação para tal. Mas não é de agora que vimos um efeito manada em direção à renda variável, ações, fundos imobiliários e, com isso, muita gente parece fazer o supletivo no mundo dos investimentos, pulando a base, os produtos da renda fixa e afins, partindo direto para a bolsa, para a renda variável, expondo ou mesmo ignorando a reserva de emergência, e se intitulando como investidores arrojados. Porém, como diz Warren Buffett: “Quando a maré baixar, veremos quem estava nadando nu”. No Brasil, maior parte absoluta das pessoas que poupam, ainda coloca esse dinheiro na poupança ou em produtos que não entendem, por isso, parta do princípio, e ele está nos produtos da renda fixa. Essa modalidade é onde se posiciona os primeiros investimentos, como reserva de emergência, para eventualidades, redução de renda, desemprego, problemas de saúde e oportunidades, em que o foco está na liquidez e não na rentabilidade.

O reflexo desse movimento, vimos fortemente entre março e abril de 2020 e também em outras oportunidades, em que a bolsa despencou e muitos fugiram dela desesperadamente, realizando, efetivamente, grandes perdas, muitos venderam mesmo, porque nem sabiam a razão de estarem lá, fundamentos e teses inexistiram. Na verdade, para boa parte desses, nunca existiram. Por isso, se recomenda cautela, análise mais criteriosa, uma vez que, no momento, ainda mais fundos de renda fixa e multimercados com taxa de administração mais alta, além do imposto de renda, considerando a taxa real (descontada a inflação), já não entregam um resultado minimamente viável.

Por isso reforço, é necessário ter / buscar conhecimento, a fim de seguir o plano (você tem um plano?) com equilíbrio e escolhas assertivas, diversificando e balanceando com coerência, de olho, alinhado com o seu perfil e prazo para os investimentos.

Ratifico, então, que é um erro comum de alguns investidores, sobretudo dos que estão no começo dessa jornada, o erro da INCOMPATIBILIDADE, isto é, investimentos feitos em desacordo com o perfil e prazos que o investidor teria efetivamente para tal. Por isso, o planejamento financeiro é também peça chave e os investimentos fazem parte do universo daquilo que é o planejamento.

Recebo frequentemente pessoas procurando pela minha mentoria, consultoria, cursos, e através das redes sociais, querendo investir, poucos consideram investir na renda fixa, pelo menos até conversar um pouco mais e refletir melhor sobre o seu perfil, sobre os seus planos, e isso alinhado a outros pontos, tal como a dinâmica e situação financeira, idade, estrutura profissional e familiar, que dão suporte para tal planejamento, carteira, risco, prazo e mais. Poucos refletem isso e querem começar na empolgação, até porque recentemente a renda variável só variava para cima, e a fase em que ela varia também para baixo, mostra a volatilidade que é parte de sua natureza, dá a oportunidade e percepção real do que a mesma oferece, e com isso leva a reflexão e decisão mais clara de muitas pessoas.

Para quem está na fase de composição da reserva de emergência, seja prudente e lembre que não é hora de mergulhar na renda variável, perceba que a taxa de custódia da B3 se tornou um peso para o Tesouro Selic, e que vale estar atento às ofertas de CDBs com liquidez diária e acima de 100% do CDI. Tenho visto opções que estão entre 105 e 107% do CDI, naturalmente, sem taxa de administração, entregando um resultado melhor que o Tesouro Selic, e melhor também do que boa parte dos fundos de renda fixa. Isso não faz destes produtos brilhantes em relação à rentabilidade, porém, melhor que muitos outros similares e atende àquilo que se propõem: alta liquidez.

Saber o que não fazer também é sinal de conhecimento, ter um plano é fundamental, e seguir ele é respirar fundo e evitar a euforia alheia, muitas vezes desmedida. Cumpra cada etapa de forma coerente, consistente e siga em frente.    Essas informações são do Leandro Trajano / www.youtube.com/leandrotrajano.

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