Primas de 4 e 7 anos, baleadas na porta de casa, são enterradas juntas em Duque de Caxias

Lídia Santos, avó da menina Rebeca, morta a tiros na porta de casa em Duque de Caxias (RJ) — Foto: Reprodução/TV Globo


O enterro das duas primas, de 4 e 7 anos, que morreram baleadas enquanto brincavam na porta de casa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na noite desta sexta (4), foi marcado pela emoção e revolta de parentes e amigos.

O pai de Emily desmaiou várias vezes e foi amparado por parentes. Segundo a ONG Rio de Paz, ele é ajudante de pedreiro e ajudou a enterrar a filha.

"É isso aí que a gente leva, ó. Duas crianças, minha filha, minha sobrinha. Tô acabando de enterrar, isso fica aí pra comunidade, pros governadores", desabafou o pai enquanto fechava o local onde o caixão da menina foi colocado.

Emily, que iria fazer aniversário no dia 23, ganhou uma roupa de princesa da mãe. A menina foi enterrada com o vestido comprado para o dia da festa.

Uma das vizinhas contou emocionada como estavam os preparativos.

"A mãe dela tava fazendo com a maior satisfação do mundo, dizendo, gente, vou comemorar a festinha da minha filha de cinco anos, tô arrumando tudo."

O crime aconteceu na comunidade Santo Antônio nesta sexta-feira (4). De acordo com moradores, as duas meninas estavam brincando na porta de casa.

Emilly Victoria, de 4 anos, foi baleada na cabeça e Rebeca Beatriz Rodrigues dos Santos, de 7 anos, foi atingida no abdômen.

Avó chegou na hora

A avó de uma das meninas contou que estava chegando do trabalho. As meninas a esperavam na calçada para comprar um lanche, quando passou um carro da polícia, por volta das 20h.

Os familiares disseram que não sabiam se havia algum tipo de perseguição e contaram que viram a polícia atirando.

"Estava chegando do trabalho e saltei do ônibus. Eu escutei no mínimo dez disparos. O ônibus passou e a blazer estava parada e deu aquele arranco para sair. Ele parou em frente à rua e simplesmente efetuou os disparos", disse Lídia Santos, avó de Rebeca.

Os familiares não sabem dizer se havia algum tipo de perseguição na hora.

O que diz a polícia

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).

A Polícia Militar afirma que uma equipe do 15º Batalhão (Duque de Caxias) estava fazendo um patrulhamento na Rua Lauro Sodré, na altura da comunidade do Sapinho, quando foram ouvidos disparos de arma de fogo.

Segundo a PM, os agentes não dispararam e a equipe saiu em deslocamento.

Ainda de acordo com os moradores, foram os vizinhos que levaram as vítimas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Sarapuí.

Violência x crianças

Nas redes sociais, a ONG Rio da Paz falou sobre a violência na cidade e a morte das meninas na Baixada Fluminense.

“Sempre que essas mortes ocorrem pensamos que tudo vai mudar, uma vez que a face mais hedionda da criminalidade no Rio é a morte por bala perdida desses meninos e meninas. Contudo, nada muda. Famílias permanecem desamparadas, a autoria dos homicídios não é elucidada, os assassinos não são punidos e nenhuma transformação ocorre na política de segurança pública. Vale lembrar que quem morre são crianças pobres. Nisso reside a razão da indiferença por por parte das autoridades públicas”, disse o presidente da ONG, Antonio Carlos Costa.

O Rio de Paz acompanha os casos de crianças mortas vítimas de armas de fogo desde 2007. A triste estatística, segundo a ONG, contabiliza, desde então, 79 acrianças vítimas da violência no Rio, a maioria delas por balas perdidas. Com esses casos, só este ano (2020), sobe para 12 o número de crianças mortas por armas de fogo no estado do Rio de janeiro até este sábado (5), ou seja, uma por mês, de acordo com estatísticas da ONG Rio de Paz. Em 2019, sete crianças foram assassinadas. Entre janeiro de 2019 (início do então governo Wilson Witzel) até este sábado (5/12) foram 19 crianças mortas.   Essas informações são do G1 Rio.

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