Nesta sexta-feira (13), ele chegou ao Recife e disse ter se admirado com a condição das praias pernambucanas. Desde quarta-feira (11), o uruguaio chegou ao estado e passou por locais do Litoral Sul, como Porto de Galinhas e Muro Alto, em Ipojuca, e Tamandaré.
"O Litoral Sul pernambucano é muito bem cuidado e preservado, não tem lugares com muito lixo. Achei uma área com lixo muito mais controlado, recolhido pela própria população", relatou.
Ele disse, no entanto, que encontrou algumas barracas que não retiravam o lixo e deixavam os sacos na praia.
"Tem também um ou outro turista que deixa lixo, mas os nativos sabem que é seu lugar de sobreviver, então cuidam bastante, fiquei bastante admirado".
Projeto
Nascido em Cerro Largo, na fronteira do Uruguai com o Brasil, Mathias contou que a ideia do projeto chamado Re-evolução, criado em agosto de 2020, surgiu a partir da vontade de atuar como ativista ambiental pela conscientização e despertar das pessoas.
"A gente vê um descaso muito grande nas praias. Minha caminhada é pela preservação do meio ambiente, pela recuperação da natureza. Esse é só um dos problemas que temos, mas a contribuição individual é essencial", afirmou.
Pelas redes sociais, o jovem compartilha a rotina de coleta de lixo nas praias e o andamento do projeto. O perfil já acumula mais de seis mil seguidores.
Segundo ele, a decisão de sair de Montevidéu, capital uruguaia, onde morava e trabalhava como tatuador, mesmo durante a pandemia da Covid-19, aconteceu após uma hospitalização em decorrência de um acidente de moto.
"Fiquei em coma por um mês. Foram dias de muita angústia, pensando que eu talvez não pudesse mais realizar o sonho de criar o projeto", relatou. Também surfista, Mathias disse que apesar de hoje viver toda essa intimidade com as praias, só foi conhecer o mar aos 17 anos de idade.
Mais de 8,5 mil quilômetros
Em sua caminhada pelo território brasileiro, o ativista afirmou que já percorreu mais de 8,5 mil quilômetros em nove estados. Foram eles: Alagoas, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Segundo ele, o projeto já passou por 334 praias brasileiras e uruguaias.
"Comecei pela costa do Uruguai e fui subindo o Brasil [...] Minha ideia é depois de percorrer a costa brasileira, seguir para o Oceano Pacífico e começar os países da costa oeste da América do Sul", revelou.
As viagens do uruguaio são a pé ou por meio de caronas. Segundo ele, o projeto é independente e busca ajuda de pessoas interessadas em contribuir com o que podem.
"É uma caminhada difícil, ser um andarilho não é nada fácil. Mas tenho contado com a ajuda de muitas pessoas que me arrumam um lugar para dormir, um pouco de comida e assim vou me virando".
Ele disse que quando as coisas apertam, a opção é fincar o acampamento e dormir na areia mesmo. "Já tive algumas situações de perigo. Acho que hoje já aprendi que é melhor não entrar em uma mata fechada sozinho, por exemplo", brincou.
No Recife, além de seguir com o projeto, o uruguaio também deve resolver algumas questões burocráticas no consulado do seu país. Ele foi roubado enquanto passava pelo Rio de Janeiro e perdeu o passaporte.
"Foi a pior situação que passei até agora. Jogaram uma pedra na minha cabeça e levaram meus documentos e bens pessoais", relatou.
Lixo
Como forma de chamar atenção das pessoas, o uruguaio utiliza uma máscara de gás durante a limpeza nas praias. "Quis causar um impacto, mostrar para as pessoas que esse é o nosso futuro caso a gente não faça nada", relatou.
Segundo ele, o que mais se encontra nas praias são plásticos e restos de embalagens de comida, mas também há muitas bitucas de cigarro, roupas e até objetos inusitados, como um saco de leite fechado, que ele encontrou em uma praia do Uruguai.
Depois de Pernambuco, a viagem do mochileiro deve seguir pelo estado da Paraíba e não tem data para acabar.
"Só estou tentando passar uma mensagem de união, de amor pela nossa natureza. Já chegamos em um colapso no clima e vamos sofrer cada vez mais as consequências, se não atuarmos e não tomarmos iniciativa como comunidade".
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