Brasileira cede fazenda na Romênia para receber refugiados da guerra na Ucrânia

Maria Thereza Coelho ajuda Itamaraty no acolhimento de refugiados — Foto: Reprodução TV Grande Rio


Desde a última quinta-feira (24), após invasão da Rússia, a Ucrânia tem sido palco de uma guerra. Muitos brasileiros estão na região buscando meios de fugir. Na Romênia, a brasileira Maria Thereza Coelho que possui uma fazenda na divisa com a Ucrânia, tem confirmado a solidariedade brasileira e ofereceu toda estrutura ao Itamaraty para transformar o local no consulado brasileiro de fronteira, para acolher os refugiados.

"A gente abriu a casa e a fazenda para receber essas pessoas que estavam atravessando. No domingo a noite eu comecei a ver no jornal, muitos brasileiros tentando sair e a situação é realmente dramática, das pessoas que a gente conversou, que conseguiram sair e ai eu procurei a Embaixada do Brasil em Bucareste para oferecer ajuda".

"Entrei em contato com a Embaixadora, Maria Laura Rocha, que foi espetacular e está fazendo de tudo para ajudar os brasileiros a saírem da melhor forma, da forma mais segura, e eu ofereci para ela a minha casa", explicou a empresária.

De acordo com Maria Thereza, eles vão montar um posto avançado dentro da fazenda. Os funcionários do Consulado ficarão hospedados na casa dela e usarão o escritório da fazenda como apoio consular para as pessoas que estão tentando atravessar.

Para a empresária, a ajuda humanitária foi herdada pelos ideais do bisavô. O coronel Quelê, já abrigava os refugiados da seca no Sertão de Pernambuco, em sua casa, no século passado. Foi com essa inspiração que ela transformou a fazenda da família em refúgio para os brasileiros que estão desesperados para sair da Ucrânia.

"O drama do retirante sempre foi uma coisa muito viva e muito forte na nossa família. O meu avô, o Senador Nilo Coelho, o meu tio, o Deputado Oswaldo Coelho, eles tomaram as dores dos retirantes e fizeram essa a bandeira da vida deles. Então essa questão de ajudar o próximo, de abrir a casa é uma coisa que a gente sempre ouviu em casa. Quando começou tudo isso na Ucrânia eu fiquei pensando que por alguns metros eu poderia estar do outro lado da fronteira. É uma linha muito tênue e podia ser eu tentando fugir com os meus filhos. Eu como imigrante em um país que você não conhece ninguém, onde você não tem família, isso começou a me perturbar muito e eu comecei a pensar como eu posso ajudar e veio a ideia de contactar a Embaixada, o Consulado para poder oferecer ajuda dessa maneira, e aproveitar que a gente tem esse espaço geograficamente importante", destacou.

Por nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que 80 brasileiros já deixaram a Ucrânia e foram para países fronteiriços. Antes da guerra, a comunidade brasileira na Ucrânia era estimada em 500 pessoas. Ainda, segundo o Itamaraty, cerca de 100 brasileiros registrados na embaixada do Brasil, em Kiev, ainda estão em solo ucraniano.

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