Haddad fala sobre "tarifaço" dos Estados Unidos | Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
O ministro afirmou a jornalistas em Brasília que houve um novo contato com a equipe do secretário de Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e que uma nova conversa entre ambos deve ser marcada.
"Queremos mais integração, não menos. Essa atitude de sobretaxar nos afasta, mas o Brasil quer aproximação. Nossa economia é grande demais para ser apêndice de qualquer outra. Precisamos de equilíbrio entre nossos parceiros", declarou.
Haddad classificou ainda de "injustas" as medidas anunciadas por Washington na quarta-feira, mas disse que o Brasil não sairá da mesa de negociação.
"Não é o ponto de chegada, é o ponto de partida. Estamos longe do ponto final dessas conversas. Houve sensibilidade dos EUA sobre nossos argumentos, mas ainda há injustiças que precisam ser corrigidas", disse.
O ministro também o país tem adotado a "atitude correta" ao buscar o diálogo e evitar o confronto direto. A medida imposta por Trump prevê tarifas de até 50% sobre centenas de produtos brasileiros. De acordo com o ministro, mais de 700 itens ficaram de fora da lista inicial, mas ainda há setores que serão priorizados nas próximas rodadas.
"O café da manhã do americano ia ficar mais caro com café, suco e carne. Algumas dessas tarifas foram revistas. Mas o nosso foco agora é proteger os empregos no Brasil e garantir apoio à indústria e ao agro", afirmou.
Haddad informou que o plano de contingência para proteger os setores afetados está sendo calibrado e será lançado nos próximos dias. Os atos estão sendo preparados pela equipe da Fazenda e serão enviados à Casa Civil.
Sem citar o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, Haddad também criticou a atuação de brasileiros que, segundo ele, estão desinformando autoridades dos EUA sobre o funcionamento das instituições do país. Para o ministro, esse movimento interno contra os interesses nacionais enfraquece a posição brasileira no cenário internacional.
"Está havendo desinformação. É muito diferente quando você tem uma força interna trabalhando contra os interesses do país. Isso fragiliza o Brasil. E isso não está acontecendo em nenhum outro lugar do mundo, só no Brasil. As pessoas precisam compreender que isso não é bom para a democracia nem para a soberania", disse.
O ministro reforçou que o Brasil é uma das democracias mais consolidadas do mundo e signatário de todos os principais tratados internacionais de direitos humanos e comércio. "Temos instituições sólidas. Qualquer cidadão tem acesso aos instrumentos de defesa dentro e fora do país. Não é agredindo uma potência ou disseminando desinformação que se constrói diálogo."
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