Lula e Macron se comprometem em concluir diálogo para assinatura de acordo UE-Mercosul neste semestre, diz Planalto


FOTO: RICARDO STUCKERT/PR


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da França, Emmanuel Macron, comprometeram-se durante telefonema nesta quarta-feira (20) em concluir o diálogo com vistas à assinatura do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia neste semestre, disse o Palácio do Planalto em comunicado.

"Macron e Lula comprometeram-se a ultimar o diálogo com vistas à assinatura do Acordo Mercosul-União Europeia ainda neste semestre, durante a presidência brasileira do bloco", disse o comunicado sobre a ligação telefônica entre os dois líderes.

A França tem sido o principal obstáculo à assinatura do pacto comercial entre os dois blocos, com Macron tendo já publicamente demonstrado sua oposição ao acordo diante de um setor agrícola francês politicamente influente e que se opõe ao tratado.

Em encontro recente com Macron, Lula pediu ao presidente francês que abrisse seu coração ao acordo.

De acordo com a nota do Planalto, Lula e Macron também discutiram as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, assim como as negociações pelo fim da guerra entre Rússia e Ucrânia e a conferência climática da ONU COP30, que será realizada em Belém em novembro.

"No campo bilateral, os presidentes comprometeram-se a aprofundar a cooperação em matéria de defesa", afirmou a nota.




Leia comunicado do Planalto sobre telefonema entre Lula e Macron:

"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou na manhã desta quarta-feira, 20 de agosto, para o presidente da França, Emmanuel Macron. Na ligação, que durou quase uma hora, os dois líderes trataram de temas das agendas global e bilateral. Os mandatários reafirmaram seu apoio ao multilateralismo e ao livre comércio.

O presidente Lula repudiou o uso político de tarifas comerciais contra o Brasil e relatou as medidas que seu governo adotou para proteger os trabalhadores e as empresas brasileiras. Também informou o presidente Macron do recurso que o Brasil apresentou à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as injustificadas tarifas norte-americanas. Mesmo sem reconhecer a legitimidade de instrumentos unilaterais usados pelos Estados Unidos, como a Seção 301, o presidente Lula comentou sobre os esclarecimentos apresentados por seu governo.

O Brasil continuará trabalhando para concluir novos acordos comerciais e abrir mercados para a produção nacional. Destacou, nesse sentido, a conclusão do Acordo MERCOSUL- EFTA e a prioridade que tem conferido às negociações com novos parceiros, como Japão, Vietnã e Indonésia.

Macron e Lula comprometeram-se a ultimar o diálogo com vistas à assinatura do Acordo MERCOSUL-União Europeia ainda neste semestre, durante a presidência brasileira do bloco.

Os líderes da França e do Brasil reafirmaram intenção de promover maior cooperação entre os países desenvolvidos e o Sul Global, em favor do comércio baseado em regras multilateralmente acordadas. Nesse contexto, o presidente Lula afirmou que a defesa do multilateralismo será um dos principais temas da Cúpula Virtual do BRICS, que pretende realizar em setembro.

No que se refere ao enfrentamento da mudança do clima, Lula afirmou que a COP-30 será a COP da verdade, em que ficará claro quais países acreditam na ciência. O presidente Lula destacou a ambição das metas nacionalmente determinadas apresentadas pelo Brasil e realçou a importância de que a União Europeia e seus membros apresentem metas à altura do desafio que o planeta enfrenta. O chefe de Estado francês reiterou apoio à realização da Cúpula em Belém e confirmou sua presença no evento.

Os dois mandatários também trocaram impressões sobre as negociações de paz na Ucrânia. O presidente Macron elogiou o papel do Grupo de Amigos da Paz, liderado por Brasil e China. Os dois presidentes acordaram continuar diálogo sobre o conflito. O presidente Lula demonstrou preocupação com o aumento dos gastos militares no mundo, enquanto cerca de 700 milhões de pessoas ainda passam fome. Registrou, nesse contexto, a saída do Brasil do Mapa da Fome da FAO e defendeu a reforma das instituições multilaterais em favor de uma governança global mais representativa e democrática.

No campo bilateral, os presidentes comprometeram-se a aprofundar a cooperação em matéria de defesa." 

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