Israel deu como prazo para as revogações a data de 1º de janeiro – usando como justificativa novas regras para palestinos nessas organizações.
A MSF alertou que a medida impactará “cuidados de saúde vitais” para centenas de milhares em 2026. A organização faz parte da lista de ONGs afetadas, que inclui também nomes respeitados como Oxfam, CARE e World Vision International.
O governo israelense argumenta que as novas normas visam impedir que terroristas explorem a ajuda internacional. O porta-voz Gilad Zwick afirmou à agência AFP que algumas organizações se recusam a enviar listas por suposto envolvimento de funcionários com o Hamas.
"Duvido que o que não fizeram durante dez meses o façam em menos de doze horas", afirmou Gilad Zwick.
Israel acusou especificamente a MSF de ter funcionários ligados aos grupos Hamas e Jihad Islâmica. Em contrapartida, o Hamas classificou a decisão de Israel como um "comportamento criminoso" e um desprezo flagrante pelo sistema humanitário.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, chamou a suspensão das agências de "ultrajante". Disse em comunicado oficial: “Relembro às autoridades israelenses sua obrigação, segundo o direito internacional, de garantir o fornecimento de itens essenciais à vida diária em Gaza, inclusive permitindo e facilitando a ajuda humanitária”.
A autoridade da União Europeia para questões humanitárias, Hadja Lahbib, também criticou as novas exigências, afirmando que a lei de registro atual bloqueia a chegada de “ajuda vital” à população. “O DIH [Direito Internacional Humanitário] não deixa margem para dúvidas: a ajuda deve chegar a quem precisa”, disse em uma rede social.
Clima preocupa
Nove países, incluindo Reino Unido e França — e posteriormente a Suíça —, emitiram comunicados manifestando preocupação. O grupo de nações cobrou que Israel não impeça o trabalho das ONGs diante da situação humanitária.
A crise ocorre em meio à chegada do inverno e de tempestades que destruíram milhares de tendas em Gaza. Atualmente, cerca de 1,3 milhão de pessoas no território palestino precisam de apoio urgente para alojamento e moradia.
O acordo de cessar-fogo, firmado em outubro, previa a entrada de 600 caminhões diários com suprimentos, entretanto, analistas projetam que apenas entre 100 e 300 têm cruzado a fronteira.
O prazo para que as organizações forneçam os dados exigidos expira à meia-noite desta quarta-feira. Caso a proibição se confirme, o envio de alimentos e assistência médica será gravemente comprometido em todo o território devastado.



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