Em Pernambuco, quase 40% dos bancos explodidos em 2018 estão fechados ou sem dinheiro, diz sindicato

Explosões a agências representaram 60 das 190 investidas criminosas contra bancos em Pernambuco em 2018 — Foto: Reprodução/G1 PE



Das 60 agências bancárias explodidas em Pernambuco em 2018, 23 não voltaram a funcionar normalmente até os primeiros dias deste ano, segundo o Sindicato dos Bancários do estado. O levantamento feito pela entidade aponta que clientes não contam com serviços em 38,33% das unidades atacadas por bandidos.

Os dados fazem parte do Mapa da Violência Bancária, divulgado nesta quarta-feira (9), no Recife. Do total de bancos atacados no ano passado, 12 estão fechados e 11 funcionam, mas sem a circulação de dinheiro. Há, ainda, duas agências operando de forma precária.

O levantamento aponta que, em 2018, foram registradas 190 ações de bandidos no estado, incluindo investidas contra agências, correspondentes bancários, bancos postais, carros-fortes e assaltos a clientes na saída de bancos.

Segundo a presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues, a violência contra os bancos prejudica a população, que é obrigada a se deslocar para outros municípios para fazer as operações e receber salário.

Além disso, existe o problema da perda de movimentação financeira no comércio dessas cidades. "O dinheiro não gira e o comércio enfraquece. A pessoa que vai para outra cidade pagar as contas, faz os gastos lá e retona para a cidade de origem sem dinheiro. Assim, a economia e o comércio murcham", afirma.

As agências que estão em funcionamento sem circulação de dinheiro ficam nas cidades de Gravatá, Santa Cruz do Capibaribe (2), Surubim, Brejo da Madre de Deus, Alagoinha, Passira e Bezerros, no Agreste de Pernambuco. O problema se repete em Carpina, Pombos e Quipapá, na Zona da Mata.

As 12 agências fechadas ficam nos municípios de Caruaru, Taquaritinga do Norte, São Bento do Una e Águas Belas, no Agreste.

O mesmo problema foi detectado em Sirinhaém, no Litoral Sul, Itacuruba, Granito e Carnaíba, no Sertão, Moreno, no Grande Recife, além de Chã Grande, Condado, Escada, na Zona da Mata.

Há, ainda, duas agências em Correntes e Saloá, no Agreste, funcionando com número reduzido de trabalhadores.

Ações criminosas

Do total de investidas criminosas contra bancos no estado, em 2018, 43 foram arrombamentos, 48 assaltos, 25 estelionatos (incluindo assaltos na saída de agências), 65 explosões contra agências e carros-fortes, sete sequestros e duas invasões.

A maior parte desses crimes aconteceu no Agreste do estado, que foi alvo de 42% das investidas. A cidade com mais casos registrados foi o Recife, com 20 ações.

No ano passado, foram cinco ocorrências a mais do que em 2017, quando o levantamento apontou 185 casos. Isso representa um aumento de 3%.

Os dados do ano passado, no entanto, não catalogaram os casos de estelionato, que incluem saidinhas de banco e fraudes.

Comportamento

Apesar de o número não ter mudado muito de um ano para o outro, o sindicato aponta uma mudança no comportamento das quadrilhas.

Enquanto os casos de explosão a bancos e assaltos diminuíram cerca de 25%, o número de arrombamentos aumentou mais de 48%, de 29 para 43. Também houve aumento em casos de sequestros, de 4 para 7, e invasões, de 1 para 2.

“Vimos a mudança de estratégia de ações das quadrilhas, que adotaram um comportamento mais silencioso”, afirma o secretário de assuntos jurídicos do sindicato, João Rufino.

Outro dado que chama atenção no relatório do Mapa da Violência é a mudança de região onde as quadrilhas atuaram em 2018. Em 2017, a Região Metropolitana do Recife registrou 63 casos. No ano passado, foram 41. Isso representa uma diminuição de 34,9% dos casos.

O Agreste teve aumento de 37,2% no número de crimes, saindo de 59, em 2017, para 81, em 2018. Para o sindicato, esse problema na região aconteceu devido ao número defasado de policiais no interior.

"Às vezes, a delegacia não tem condições de trabalho, quanto mais de proteger a sociedade. E isso tem provocado o aumento das ações dos bandidos nesses locais", afirma a presidente do sindicato, Suzineide Rodrigues.

Cobranças

Diante dos números, o sindicato cobra ao governo do estado o reforço da inteligência das policias voltada para a prevenção desses crimes e a utilização do Mapa da Violência como base de dados de apoio para o planejamento.

"A gente pode ver no nosso mapa que tem dia, hora e local [para os crimes]. Os arrombamentos são feitos silenciosamente e estrategicamente aos domingos. Os carros-fortes são atacados nas quintas-feiras de madrugada", afirma a presidente Suzineide Rodrigues.

Segundo o sindicato, na última reunião que a categoria teve com a Secretaria de Defesa Social (SDS), o governo questionou os dados levantados pelo Mapa da Violência.

"As informações que repassamos não tiveram efeito para a SDS. O que teve foi uma posição de criticar os números que nós produzimos. E todos esses dados são baseados em matérias jornalísticas", afirma o secretário João Rufino.

O reforço de policiamento no interior também é uma das propostas do sindicato para o estado. A categoria pede também o restabelecimento do Grupo de Trabalho (GT) de Enfrentamento da Violência Bancária em Pernambuco, formado pelas polícias, secretarias e órgãos de segurança.

O sindicato cobra, ainda, a instalação dos equipamentos de segurança e cumprimento da Lei Municipal 17.684, de 2010, no Recife, que obriga os bancos a adotar portas com detectores de metais, gurada-volumes, biombos, vidros blindados, mínimo de dois vigilantes por pavimento e câmeras em todas as dependências, inclusive estacionamentos e calçadas. As informações são do G1 PE.

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