Mães de pacientes com câncer fazem protesto silencioso em Petrolina — Foto: Reprodução/ TV Grande Rio
Camilly Vitória, de 16 anos, tem leucemia e foi diagnosticada aos 14 anos. Toda semana, ela e a mãe de Campo Formoso, na Bahia, vem a Petrolina para fazer quimioterapia no Ceonco. O cabelo da adolescente já até cresceu um pouco e a aparência está melhor, mas a menina está preocupada.
"Tem gente que não está dormindo, as mães não estão dormindo, entendeu? É muito difícil, é muito complicado. A batalha é muito longa e difícil para a gente e a gente precisa ter esperança, confiar em Deus, mas a gente fica muito preocupada", frisou Camilly.
Mais um protesto foi realizado na frente do hospital. Desta vez, todos estavam em silêncio. As mães dizem que a situação da unidade está piorando. O filho de Simone Tavares tem 11 anos. Ele luta contra a leucemia e tomou a quimioterapia na semana passada, mas segundo a técnica em enfermagem a medicação já está acabando. "Tem paciente que já está sentindo na pele os sintomas, dores, por questão da quimioterapia e a demanda é muita. Tem muito paciente necessitando da quimioterapia. Aí quando chega para uns, acaba faltando para outros".
A agricultora Maria Daciana vem com o filho, Antônio Davi, de oito anos, toda semana de Parnamirim, no Sertão pernambucano, para Petrolina fazer a quimioterapia. Com ele está tudo bem, mas ela disse que o tratamento de muitas crianças encontra-se prejudicado. “Tem muitas crianças que iniciaram, e, daqui a alguns dias, pelo que está acontecendo, não vai ter medicação para essas crianças”.
Segundo as mães, o hospital está priorizando as crianças. Por isso, tem muitos adultos com tratamento atrasado. A dona de casa Karla jeane Lopes, a mãe de Camilly Vitória, além de acompanhar a adolescente, traz na bolsa, carteirinhas de pacientes com câncer da cidade baiana de Campo Formoso, onde mora, na tentativa de levar alguns remédios, mas ela tem voltado sem as medicações. “Na semana passada, eu trouxe e não tinha. Essa semana eu vou ver se chegou a medicação”.
Adlair Cavalcanti teve câncer de mama em março de 2016. Há 17 dias, a dona de casa não consegue pegar um remédio importante para o tratamento. “A gente fica preocupada né? Porque falta aquele medicamento para não voltar. Segundo médico, é para não voltar para a mama que foi operada nem agredir a outra saudável “.
As mães e os pacientes querem uma resposta urgente do Governo do Estado de Pernambuco. “Por favor tome alguma atitude, porque isso é muito complicado para a gente, para mim não está faltando, mas sei muito bem o que essas mães estão passando e o que é você voltar para casa sem seu filho tomar uma medicação”, faz um apelo a adolescente Camilly.
Em janeiro do ano passado, alguns serviços até foram suspensos. Faltavam verbas para a compra de medicações e para pagar os funcionários. A diretoria da Apami disse que existe um recurso de 5 milhões e 500 mil reais que foram depositados na conta do governo do estado em abril de 2016, mas até agora esse dinheiro não chegou no Hospital Dom Tomás.
A Secretaria de Saúde do Estado afirmou que a verba não foi repassada porque a Apami não tinha as documentações e certificações necessárias. Uma alternativa seria a Apami se tornar em Unacon, unidade de assistência de alta complexidade. Dessa forma, a unidade passaria a prestar serviço ao Sistema Único de Saúde (SUS) e receberia recursos federais, mais de 7 milhões por ano. Para isso, falta concluir o contrato com a Secretaria de Saúde de Pernambuco. O Ministério da Saúde recomendou que o dinheiro volte para União. A Apami nega que tenha pendências e que todo o problema se resume em burocracia por parte do governo estadual.
O administrador da Apami, Antônio Bion Barbosa de Amorim, informou que do total dos recursos que foram destinados a instituição, quase 3,8 milhões foram sacados e investidos em favor do estado, restando apenas 77 mil reais na conta. A outra parte do dinheiro, a secretaria estadual de saúde vai ter que devolver ao fundo nacional de saúde.
A secretaria estadual de saúde esclareceu que o valor citado na reportagem não poderia ter sido enviados à instituição. Uma possível transferência também iria contra a lei, sendo passível de penalidades dos órgãos de fiscalização e controle. Isso, porque a Apami não possui as documentações, credenciamento e certificações necessárias pra receber repasses da união. Além disso, o ministério da saúde, não permite a transferência destes recursos para unidades que não estejam vinculadas à secretaria estadual, como é o caso da associação.
A secretaria estadual de saúde informou ainda que numa última tentativa de resolver o problema, encaminhou ofício ao ministério da saúde consultando se os recursos poderiam ser repassados à Apami. A resposta do fundo nacional de saúde não só excluiu a possibilidade, como ordenou que os recursos fossem devolvidos à união. As informações são do G1 Petrolina.
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