Na Câmara, líder dos agricultores de Petrolina explica por que a nova Previdência prejudica as mulheres do campo

Foto: Divulgação

As mulheres estão cada vez mais integradas no mercado de trabalho, chefiam famílias e cuidam do seu dinheiro. Naturalmente depois de um tempo já começam a se preocupar com o futuro: quando terá direito à aposentadoria? A presidente do Sindicato dos Agricultores Familiares de Petrolina (Sintraf), Isália Damacena, tem ouvido a ansiedade de muitas mulheres do campo, no interior de Pernambuco, e revelou nesta terça-feira (12) que para elas a nova proposta de Reforma da Previdência traz desigualdades.
Isália foi uma das convidadas pela Câmara de Vereadores de Petrolina para participar de uma sessão solene em homenagem ao Dia Internacional da Mulher – que anualmente é lembrado na data 8 de março. No evento, requerido pela vereadora Cristina Costa, também estiveram a vice-prefeita Luska Portela; a representante da Polícia Civil, Sara Machado; a coordenadora da patrulha Maria da Penha, Maria Aparecida Ferreira; a gestora executiva da Fundação Nilo Coelho representando Letícia Leda; as agentes da Guarda Municipal; e outras personalidades femininas.

Com um discurso que ainda abordou a violência contra a mulher nas áreas rurais, a desigualdade de gênero e as disparidades econômicas em relação aos homens, a sindicalista preferiu concentrar fogos nas novas regras da aposentadoria – mudanças como a da idade mínima de 60 anos, que têm levado agricultoras ao sindicato em busca de alguma orientação.

“O projeto traz a possibilidade da mulher aposentar-se igualmente ao homem, com a mesma idade. Para as agricultoras é ainda mais complicado, porque não considera que a mulher possui jornada tripla: dona de casa, mãe e trabalho do campo”, alertou. “O sol ardente do nosso sertão nordestino e o trabalho braçal tornam 10 anos o dobro para uma agricultora”.

De acordo com Isália Damacena, o reforma da previdência não considera fatores biológicos intrínsecos à mulher, que a partir dos 45 anos passa por mudanças físicas, com possível aumento nos problemas de saúde. “O que minora suas condições de vida, assim como suas oportunidades no mercado de trabalho”, indica.

Ainda na sessão, a dirigente apresentou dados das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (acrônimo em inglês FAO), em que, segundo ela, “expõe de vez a desigualdade velada ou escancarada contra as mulheres”. Em levantamento do órgão, foi indicado que apenas 30% dos proprietários de terras são mulheres e somente 10% delas têm acesso ao crédito; mais raro ainda, com pífios 5%, são as que conseguem assistência técnica para lograrem êxito em sua produção.
Evitando se limitar “ao denuncismo”, a representante feminina dos agricultores encerrou seu discurso chamando a atenção das autoridades presentes na Casa Plínio Amorim, para que se faça uma reforma da previdência equilibrada, respeitando as características das mulheres e homens do campo, ao mesmo tempo em que sejam promovidas políticas públicas de garantia à autonomia das mulheres rurais.




Jacó Viana / Assessor de Imprensa

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